O julgamento civil por fraude na Organização Trump ganhou ares de tensão, nesta segunda-feira (6), durante o depoimento de Donald Trump, a quem o juiz criticou por ter feito “discursos” em vez de respostas concisas, o que, por sua vez, gerou queixas por parte do ex-presidente dos Estados Unidos e sua defesa.

– Este é um julgamento muito injusto – rebateu Trump, que iniciou o depoimento tranquilo, mas progressivamente passou a responder em um tom mais áspero, após um entrevero entre o juiz Arthur Engoron e o advogado de defesa Christopher Kise apenas uma hora depois do início do depoimento.

O procurador Kevin Wallace questionou Trump sobre os documentos de situação financeira, nos quais o caso se baseia e que supostamente inflacionavam o valor dos ativos para que a empresa obtivesse vantagens junto a bancos e seguradoras.

Em resposta, o ex-presidente reconheceu que os “olhava” e fazia “sugestões”, mas as minimizou.

Trump insistiu ainda que as avaliações dos seus edifícios eram ainda mais baixas do que realmente deveriam ser e acrescentou:

– Os bancos vieram falar comigo, queriam fazer negócios comigo, todos receberam todo o seu dinheiro de volta e agora você assume que as declarações são enganosas.

O procurador apresentou documentos que mostravam avaliações milionárias, como a de um edifício apelidado de Niketown em Manhattan, avaliado em cerca de 350 milhões de dólares (R$ 1,7 bilhão) ou a de uma torre em Wall Street avaliada em 550 milhões de dólares (R$ 2,6 bilhões), que descreveu como “um valor muito baixo”.

Trump sustentou que os documentos, datados de uma década, são “de há tanto tempo que estão fora do prazo de prescrição” – vitais para que sejam admitidos como prova – e declarou ainda que “o juiz decidirá contra mim, porque sempre faz isso”.

Esses tipos de comentários irritaram Engoron, que já tinha instado várias vezes os advogados de Trump a “controlarem” seu cliente, e ordenou-lhe com gestos exasperados que respondesse às perguntas com “sim” ou “não” e terminou dizendo, visivelmente impaciente que não está ali “para ouvir tudo o que ele tem a dizer”.

O advogado principal, Christopher Kise, afirmou que é ao juiz deste julgamento que cabe determinar o veredito para as seis acusações em questão, relacionadas com ilegalidades na empresa, uma vez que não há júri. Ele comentou ainda que “é não é justo” impor restrições ao depoimento.

– Senhor Kise, foi uma simples pergunta de sim ou não. Ele fez outro discurso. Peço-lhe que controle seu cliente, se puder. Se não puder, eu o farei. Vou dispensá-lo e tirar conclusões negativas – respondeu o juiz com a testa franzida.

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