O vereador de Limoeiro do Norte, Cabo Rubem, o Rubinho, (PL), que faz parte da oposição ao prefeito José Maria Lucena (PSB), fez um desafio a um colega durante sessão da Câmara de Vereadores nesta quinta-feira, 28. Durante fala na tribuna, ele apresentou um documento no qual apontava que renunciaria ao mandato caso o prefeito atendesse a uma chamada de vídeo naquele momento. O ato ocorre num contexto em que o prefeito não faz aparições públicas há meses e é dado como “sumido”.
A gestão é alvo de investigações do Ministério Público (MPCE) sobre suposta ausência do gestor das funções e do município por período superior ao permitido por lei.
“Eu assisti, do cercadinho ali, do lado do povo, o vereador Heraldo dizer que o prefeito poderia, muito bem, administrar o município virtualmente. Vereador, eu tenho um desafio para lhe fazer. Se o senhor ligar agora, chamada de vídeo, para o prefeito e ele atender e conversar com a gente, eu renuncio ao meu mandato”, disse Rubinho com um documento em mãos que tratava da eventual renúncia.
Em resposta, o vereador Heraldo Guimarães (PSB) defendeu o gestor, que é de seu partido. “Rubinho, o Dr. Zé Maria sempre foi uma pessoa que toda vida foi muito reservada. Como magistrado, nessa dança jurídica dele, em todos os cargos que assumiu, sempre foi muito reservado. Cada um tem uma maneira de ser, é tanto que o expediente que ele dava na prefeitura, muitas das vezes, era de noite, você sabe”.
Em resposta, Rubinho voltou a questionar se o vereador aliado do gestor municipal faria a ligação. Com a negativa, ele rasgou o documento de renúncia. “O senhor vai ligar para ele? Vai não? Então eu rasgo aqui a minha renúncia”, concluiu.
O “sumiço” do prefeito de Limoeiro do Norte virou polêmica política e é alvo de investigação desde março deste ano. Lucena não faz aparições públicas há pelo menos oito meses. A última, conforme a oposição, foi em janeiro. O prefeito está em tratamento de saúde. O cargo, todavia, não foi transferido à vice, Dilmara Amaral (PDT), com quem o prefeito e seu grupo são rompidos politicamente.
Aliados do gestor alegaram em março “manobra política” da oposição para atingir o prefeito, que passa por tratamento de saúde (hemodiálise) às terças, quintas e sábados. No entanto, até então a situação no município só se agravou com suspeitas crescentes acerca do caso.
Entre o fim de julho e o começo de agosto, técnicos do Ministério Público (MPCE) comparecem à sede da Prefeitura de Limoeiro do Norte à procura do prefeito durante pelo menos seis dias. Em visitas diárias no período da manhã e da tarde, os funcionários do órgão não conseguiram localizar o gestor.
As visitas fazem parte do processo do MPCE para apurar “suposta ausência e/ou falta de condições físicas do prefeito para exercer suas atribuições”. Foram realizadas ainda três audiências para as quais Lucena foi intimado. Na primeira, em março, ele participou de forma virtual. Em duas audiências posteriores, em agosto e setembro, o prefeito apresentou atestado médico e não compareceu.