O Ministério da Saúde firmou um contrato de R$ 285,8 milhões com uma microempresa chamada Auramedi, que possui apenas um funcionário registrado pelo menos até março e cujo capital social é de R$ 1,3 milhão. Assinado em abril, o acordo foi feito com dispensa de licitação e consiste na entrega de 293,5 mil frascos de imunoglobulina humana.

A imunoglobulina é um medicamento usado para promover a imunização de pacientes com diversas doenças que causam imunodeficiência. Ela é produzida a partir do sangue humano.

Segundo apuração do portal Metrópoles, a Auramedi está sediada em uma casa em um centro empresarial de Goiânia (GO). Uma equipe do jornal chegou a ir até o local na última sexta-feira (22) durante horário comercial, mas a empresa estava fechada. Ao questionar um vizinho, ele disse que nunca chegou a ver nenhum movimento no local.

O Metrópoles também conversou com um membro do centro empresarial. Ele disse que uma funcionária vai até a Auramedi esporadicamente, em geral para pegar encomendas na administração.

A Auramedi também não marca presença no meio digital, sequer possuindo um site.

A empresa e seu sócio, Fábio Granieri de Oliveira, estão no banco dos réus em uma ação no Tribunal de Justiça do Pará. Eles são acusados de improbidade administrativa, fraude em contratação com dispensa de licitação. O suposto crime teria ocorrido no município de Parauapebas, na pandemia da Covid-19.

Desconhecida no meio farmacêutico, a Auramedi é representante nacional da companhia chinesa Nanjing Pharmacare. A empresa asiática também tem como representante a Panamerican Medical Supply, cujo sócio é Marcelo Pupkin Pitta.

Pitta chegou a ser preso em 2004 e em 2007, no âmbito da Operação Vampiro, justamente por suspeita de fraude em uma compra do Ministério da Saúde envolvendo remédios hemoderivados, entre eles, a imunoglobulina.

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