O presidente argentino Javier Milei culpou o que ele chama de “regime Lula” de não devolver o passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para participar da posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, nesta segunda (20). “É um grande amigo e lamento muito que o regime de Lula não o tenha deixado vir”, disse Milei a participantes que publicaram a fala nas redes sociais.
Milei foi um dos participantes do baile de gala da posse de Trump no sábado (18), em que disse sentir falta de Bolsonaro. O ex-presidente foi convidado para as cerimônias em Washington, mas teve a devolução do passaporte negada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A devolução do passaporte, no entanto, não partiu do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e sim do STF por orientação da Procuradoria-Geral da República (PGR) que viu risco de fuga de Bolsonaro.
O ex-presidente será representado na cerimônia de posse pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que chegou aos Estados Unidos também na noite de sábado (18). Ela reafirmou que o marido é perseguido pela Justiça brasileira e que levará um abraço dele a Trump.
“Bolsonaro pediu que ele levasse o carinho e o respeito que ele tem pelo presidente. Eles firmaram uma relação, comungam dos mesmos valores e princípios. Trago o abraço dele e o carinho dele pelo presidente Donald Trump”, disse ainda no aeroporto.
Ela ainda criticou o indiciamento de Bolsonaro com outras 39 pessoas, no ano passado, por participação em uma suposta tentativa de golpe de Estado, além da condenação à inelegibilidade até 2030 por questionar o sistema de votação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Michelle também refutou as especulações de que Bolsonaro poderia usar a viagem para a posse de Trump, nos Estados Unidos, como pretexto para fugir do Brasil. “Ele não cometeu nenhum crime”, disse, repetindo o argumento utilizado pela defesa do ex-presidente no pedido para a devolução do passaporte.
O pedido foi negado duas vezes na semana passada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Nas alegações para negar a devolução do passaporte, o magistrado citou uma entrevista de Bolsonaro de que poderia pedir refúgio em alguma embaixada no Brasil caso tivesse a prisão decretada.