Parlamentares brasileiros de oposição disseram ter sido alertados por fontes israelenses que um rascunho de texto sugerido pelo Itamaraty para ser usado como base para uma resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a guerra de Israel tem ao menos um ponto que pode favorecer a estratégia do Hamas. Ele diz respeito à ordem das Forças de Defesa de Israel para que civis abandonem a área norte da Faixa de Gaza.
A Gazeta do Povo teve acesso a duas versões de rascunho de resolução recebidas por dois deputados federais da oposição na Câmara dos Deputados. Eles pediram para não serem identificados pela gravidade do assunto. Afirmaram, porém, que os documentos foram vazados por diplomatas israelenses interessados em denunciar um suposto lobby brasileiro que pode favorecer o Hamas.
Uma dos documentos é chamado de “rascunho zero” e a outra é uma versão posterior a esse rascunho. Em ambas, há uma advertência determinando que autoridades israelenses revoguem imediatamente a ordem para que a população civil palestina abandone toda a região norte da Faixa de Gaza. O rascunho zero, supostamente proposto pelo Brasil, diz:
O Conselho de Segurança: 4. Exorta as autoridades israelenses a revogarem imediatamente a sua ordem de que os civis e o pessoal da ONU evacuem todas as zonas de Gaza a norte do Wadi Gaza e se mudem para o sul de Gaza.
A versão posterior tem alterações mínimas que não mudam o sentido do texto.
O objetivo de Israel com a ordem seria evitar que membros da população civil sejam mortos ou feridos, já que suas forças estariam planejando lançar uma ofensiva terrestre para tomar a Cidade de Gaza, usada pelo Hamas para controlar todo o território da Faixa de Gaza.
Isso ocorre porque os terroristas do Hamas vêm usando a população civil como escudo humano contra os ataques de Israel. Segundo analistas, mortes de crianças e mulheres palestinas servem duplamente aos interesses do Hamas: como meio de recrutar palestinos em busca de vingança e como ferramenta na guerra midiática para diminuir a liberdade de ação das tropas de Israel.
A ordem de evacuação da população também é uma forma de se contrapor à prática do Hamas de misturar seus quartéis-generais e locais de armazenamento de armas com instalações civis, incluindo hospitais, escolas e creches, o que é em si um crime de guerra.
Assim, a possível oposição da ONU à retirada dos civis do campo de batalha por meio da resolução do Conselho de Segurança tem potencial para prejudicar a estratégia militar israelense.
Fonte: Gazeta do Povo