Executivos de grandes empresas que têm participação na Vale estão se sentindo pressionados por telefonemas do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia). Ele vem pedindo apoio para a escolha do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para o cargo de presidente da companhia. O que tem sido compreendido nas conversas sobre a Vale com integrantes do governo é que, se o pedido pelo nome de Mantega não for atendido pelos acionistas privados, essas empresas podem deixar de receber o apoio do governo em algumas de suas operações para as quais há imbricação com a administração federal.
Na próxima 4ª feira (31.jan.2024) o Conselho de Administração da Vale se reunirá para decidir se Eduardo Bartolomeo seguirá no cargo de CEO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deseja que o colegiado escolha Guido Mantega. O salário mensal no cargo é de R$ 4,9 milhões.
A Previ, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, tem 8,7% de participação no controle da Vale. O governo decide a escolha da Previ, mas o peso é muito pequeno. Para completar a maioria dos votos, o Executivo conta com o apoio de outros acionistas privados ao nome de Mantega. É isso que Silveira tem pedido.
Tome-se o caso, por exemplo, de ferrovias. O governo Lula planeja rediscutir concessões ferroviárias em 2024. São contratos de operadores que obtiveram prorrogações na gestão de Jair Bolsonaro (PL). O argumento é que as concessionárias teriam desembolsado valores considerados baixos pela gestão de Lula para continuar com os negócios.
A Vale opera a EFVM (Estrada de Ferro Vitória a Minas) e a EFC (Estrada de Ferro de Carajás). Esses contratos da mineradora para ser concessionária dessas ferrovias são os que o governo mais tem interesse em rever. Os cálculos iniciais são de que pelo menos R$ 20 bilhões extras deveriam ser pagos pela Vale pelas renovações contratuais. A EFC responde pela maioria dos recursos. A linha foi totalmente duplicada para aumentar o escoamento de minério de ferro do Pará rumo aos portos do Maranhão.