O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta sexta-feira (28) a indicação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-RS), para o cargo de ministra das Relações Institucionais. Gleisi irá assumir a área do governo federal, responsável pelas relações com os congressistas e os outros poderes, no dia 10 de março. Ela terá a função principal de garantir a governabilidade, facilitar o diálogo com parlamentares, partidos políticos, governadores, prefeitos e outros setores da sociedade.
A deputada petista ocupará o cargo do ministro Alexandre Padilha que foi recém-indicado para o Ministério da Saúde, após a demissão de Nísia Trindade.
A troca de cadeiras no governo Lula se intensificou nos últimos dias, após o petista apresentar uma queda na reprovação do seu governo.
O chefe de Executivo já avaliava uma reforma ministerial antes dos resultados negativos dos levantamentos, que reforçaram a necessidade de acomodar aliados na tentativa de reforçar a base de apoio. A crise do Pix deu o ponta pé inicial nas mudanças com a substituição de Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira na Secretária de Comunicação Social (Secom) da Presidência, no início de janeiro.
Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo avaliaram que as mudanças previstas até agora demonstram uma guinada do governo ao petismo ideológico e não resolvem o problema de articulação do Executivo com o Congresso Nacional, onde a base governista tem minoria na Câmara. As mudanças também são vistas como arriscadas em um momento em que Lula enfrenta uma crise de popularidade.
O próprio perfil de Gleisi reforça essa avaliação do petismo ideológico. A deputada é conhecida por suas contantes críticas aos opositores nas redes sociais e não tem uma boa relação com os partidos do Centrão, aliados ao governo federal.
Alguns cientistas políticos avaliam que a indicação de Gleisi pode abalar ainda mais a relação do presidente com o Congresso e impedir acordos em votações de interesse do governo.