O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine lamentou a crise diplomática entre Brasil e Israel, que começou após declarações do presidente Lula comparando ações do Exército israelense a práticas nazistas. Essa situação levou ao recall do embaixador brasileiro em Tel Aviv e a um bloqueio na cooperação entre os dois países. Zonshine ressaltou que a falta de um embaixador brasileiro em Israel dificulta o diálogo, mas espera que as relações sejam normalizadas em breve. Ele destacou o potencial de colaboração em áreas como agricultura e saúde, que atualmente estão paralisadas devido às tensões políticas.

O embaixador acredita que a administração de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos será mais favorável para Israel, oferecendo maior acessibilidade e apoio em questões fundamentais. “Com base nas nomeações feitas pelo presidente eleito até agora, acreditamos que nossas relações em Washington se tornarão mais tranquilas. Embora a relação fosse forte independentemente de quem estivesse na Casa Branca, a expectativa é que Trump ofereça um ambiente mais confortável para Israel,” afirmou o embaixador em entrevista ao Estadão.

Zonshine ressaltou que a parceria histórica entre Israel e os EUA continuará sendo essencial, mas destacou que as medidas específicas de Trump ainda são incertas e só poderão ser avaliadas com o tempo.

O embaixador também abordou os desafios enfrentados por Israel em Gaza e no Líbano. Ele afirmou que a situação em Gaza é mais complexa, já que não há um governo palestino organizado na região. “O Hamas ainda é influente em Gaza, especialmente no controle da ajuda humanitária. Nosso objetivo principal é libertar os reféns israelenses e, possivelmente, isso acontecerá através de um acordo envolvendo cessar-fogo e troca de prisioneiros.”

No Líbano, Zonshine destacou que a presença do Hezbollah no sul do país representa um obstáculo significativo, apesar de haver um governo oficial libanês. Israel está destruindo a infraestrutura militar do Hezbollah, mas pretende encerrar essa operação o mais rápido possível para garantir a segurança no norte de Israel.

Sobre o aumento de casos de antissemitismo no mundo, incluindo no Brasil, Zonshine destacou a importância da colaboração com comunidades judaicas e autoridades locais. Ele elogiou os esforços de 11 Estados brasileiros que adotaram a definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto e espera que o governo federal siga o mesmo caminho.

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