O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou que o enfrentamento entre o Poder Legislativo e a Corte é fruto da articulação da bancada de parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada no último dia 30, Barroso afirmou que “há uma motivação política de mobilização de bases radicais no discurso contra o Supremo”. Segundo ele, esses parlamentares estão trabalhando para agradar às próprias bases.
Barroso também acrescentou que o “ex-presidente atacava o tribunal e ofendia seus integrantes com um nível de incivilidade muito grande. Em qualquer parte do mundo, isso seria apavorante”. O presidente do STF ainda completa que na gestão do presidente Lula o ambiente está mais harmonioso. “Eu mesmo já votei em teses que agradaram e desagradaram ao governo, como é meu dever fazer. A parte boa é que eu não fui insultado em nenhuma das ocasiões. Esse já é um diferencial importante na vida”, considera.
Uma pesquisa pelo Datafolha, deste mês de dezembro, apontou que a reprovação do STF cresceu, passando de 31% para 38%. Mas para o presidente da Corte a opinião pública não deve ser tão considerada e que “o Supremo tem feito muito bem ao país. Na defesa da democracia, nós prestamos um serviço importante”. “Nós conseguimos deter o populismo autoritário, prestamos um serviço imprescindível ao país, que é a preservação da Constituição e da democracia”, disse.
“O Supremo cumpriu o seu papel. Opinião pública é um conceito um pouco volátil, ela varia e muda a opinião pública de lugar com frequência. Eu sou um sujeito que eu vivo para a história e não para o dia seguinte”, ressaltou. Ele ainda disse que os temas tratados pelo STF dividem a população e que “em alguma medida está sempre desagradando alguém”.
Sobre os atos do 8 de janeiro, Barroso acredita que o STF deve tomar decisões duras para que situações como essa não se repitam em eleições futuras. Ele ainda acrescentou que “na medida em que o tempo vai passando, essa reação vai diminuindo e as pessoas começam a ficar com pena”, ao falar sobre as punições recebidas por presos durante os atos.
Ele também defende uma reação do Poder Judiciário pelo direito penal com a teoria da “prevenção geral”, que é a punição de dissuadir outras pessoas de terem comportamentos semelhantes. Para o ministro, se o STF tivesse sido tolerante com o que aconteceu, na próxima eleição o lado que perdeu poderia se achar no direito de fazer o mesmo.