Com baixos salários e escolas precárias, os professores de escolas públicas da Venezuela fizeram um protesto na segunda-feira 18. Eles querem garantir aumento salarial e reformas nos prédios — alguns nem sequer tem água e luz — até 2 de outubro, quando começa o novo ciclo escolar no país. O protesto reuniu mais de 300 professores, segundo agências internacionais, em frente à Defensoria do Povo e Ministério Público, no centro de Caracas.

“Eles nos fazem de mendigos”, afirmou à AFP Xiomara Mijares, uma professora com 25 anos de serviço. Em cartazes, professores denunciaram o “salário de fome” pago no país. Lenin Barrios, um professor de inglês com 20 anos de serviço, disse que recebe o equivalente a cerca de US$ 25 (R$ 121) por mês. “É menos de US$ 1 (R$ 4,85) por dia.”

O salário pago aos professores está muito abaixo do valor da cesta básica na Venezuela, estimada em mais de US$ 500 (R$ 2,4 mil). Ou seja, o salário mínimo corresponde a 5% da cesta básica.

Escolas estão em situação precária e qualidade da educação cai

A Federação Venezuelana de Professores (FVM, na sigla em espanhol), afirmou que apenas 30% das escolas do país estão em condições de receber alunos. As demais não têm água, energia, internet nem telefone. Em muitas, há problemas na estrutura, como rachaduras, goteiras e infiltrações.

“Os centros educativos não dispõem de serviços básicos, como água, luz, ligação telefónica, recursos pedagógicos nem tecnológicos para o desenvolvimento dos talentos dos alunos; não é necessários dizer que o programa de alimentação escolar não existe”, afirmou a federação, em seu site.

Por causa da falta de dinheiro dos professores e da falta de lugar adequado, as turmas têm aulas uma ou duas vezes por semana. “O governo, para não nos pagar um salário justo, ordenou que tivéssemos um horário de mosaico, no qual trabalhamos dois dias por semana e nos outros três nos disseram para nos virar”, disse uma professora.

A presidente da FVM Elsa Castillo afirmou que a orientação é que os professores não retornem às atividades, devido à falta de dinheiro até mesmo para a locomoção até as escola. “A mensagem para os professores é não se apresentarem, não é uma greve, não é uma paralisação”, mas o salário “não é suficiente nem para pagar a passagem”.

Com tudo isso, mais de 1 milhão de crianças não frequentam a escola e 11% das crianças das zonas mais vulneráveis estão desnutridas. Com isso, a qualidade da educação, avaliada em testes de língua e matemática, vem caindo ao longo dos anos, afirma a FVM.

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