Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que 36% dos jovens brasileiros com idade entre 18 e 24 anos não estudam nem trabalham. Isso corresponde a cerca de 7 milhões de pessoas.
O relatório Education at a Glance, de 2022, avaliou a educação em 34 dos 28 países-membros da OCDE, além do Brasil, da África do Sul e da Argentina. Dos 37 países, o Brasil é o segundo com maior proporção de jovens ociosos. O país fica atrás apenas da África do Sul.
Segundo a Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, dos 207 milhões de habitantes do Brasil, cerca de 35 milhões (17%) são jovens de 14 a 24 anos, e desses, 5,2 milhões estão desempregados. Esse número corresponde a mais da metade dos 9,4 milhões de desempregados do país.
Entre os jovens desocupados, 52% são mulheres e 66% são pretos e pardos. Aqueles que não trabalham nem estudam — os chamados nem-nem — somam 7,1 milhões, sendo que 60% são mulheres, a maioria com filhos pequenos, e 68% são pretos e pardos.
Os motivos e a quantidade de jovens que estavam sem estudar e sem trabalhar variam conforme a renda familiar, mas se encontram nessa condição principalmente os mais pobres. “A situação dos jovens que não estudam, não trabalham nem procuram trabalho tem relação com a origem socioeconômica. É comum entre os jovens de famílias mais pobres”, afirmou à Agência Brasil a socióloga Camila Ikuta, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Segundo ela, essa situação prepondera entre mulheres jovens, “que tiveram que deixar de estudar e não trabalhavam para poder exercer tarefas domésticas, criar filhos ou cuidar de idosos ou outros familiares”. Enquanto isso, disse a técnica do Dieese, “nas famílias mais ricas, nessa condição estão jovens de faixa etária mais baixa, geralmente no momento em que estão se preparando para a faculdade”.
No artigo Os Jovens que Não Trabalham e Não Estudam no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, os técnicos do Ipea Enid Rocha Andrade da Silva e Fábio Monteiro Vaz mostram que o legado negativo desse período pode durar décadas.