Em viagem pela China, o presidente Lula criticou o uso do dólar como moeda única nas transações globais, tema também defendido pelo Partido Comunista. No primeiro dia de visita a Xangai, o petista se mostrou alinhado ao discurso chinês.

Lula defendeu o fim da dolarização nas trocas comerciais entre os países-membros dos Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

“Toda noite me pergunto por que todos os países precisam fazer seu comércio lastreado no dólar”, disse. “Por que não podemos fazer comércio lastreado na nossa moeda? Por que não podemos ter o compromisso de inovar? Quem é que decidiu que era o dólar a moeda depois que o ouro desapareceu como paridade? Por que não foi o yen? Por que não foi o real, o peso? Porque as nossas moedas eram fracas, não tinham valor em outros países.”

Na sequência, Lula mandou mais uma indireta para os Estados Unidos. “Por que um banco como o dos Brics não pode ter uma moeda para financiar relações comerciais entre Brasil e China, entre Brasil e outros países?”, interpelou. “É difícil, porque tem gente mal-acostumada. Todo mundo depende de uma só moeda.”

Segundo Lula, não é justo “terminarmos o século XXI como começamos o século XX: quem era rico ficou mais rico, quem era pobre ficou mais pobre”.

Durante o discurso, o presidente voltou a defender a reforma do sistema global de governança, mais um ponto que compartilha com Pequim, e fez críticas ao Fundo Monetário Internacional, que “asfixia” os países em desenvolvimento com suas condições.

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