Um dia depois da China simular “ataques conjuntos de precisão” em Taiwan durante exercícios militares ao redor da ilha, o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, condenou as ações de Pequim em uma entrevista exclusiva à CNN e alertou que “eles parecem estar tentando se preparar para lançar uma guerra contra Taiwan”.

“Veja os exercícios militares e também sua retórica, eles parecem estar tentando se preparar para lançar uma guerra contra Taiwan”, disse Wu.

“O governo taiwanês vê a ameaça militar chinesa como algo que não pode ser aceito e nós a condenamos”, completou.

Pequim lançou os exercícios neste sábado (8), um dia depois que a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, voltou de uma visita de 10 dias à América Central e aos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, e outros legisladores americanos.

Pequim os descreveu como “um sério aviso contra o conluio das forças separatistas de Taiwan com forças externas e um movimento necessário para defender a soberania nacional e a integridade territorial”.

Questionado se os custos de tal visita eram muito altos, Wu disse à CNN: “A China não pode ditar como Taiwan faz amigos. E a China não pode ditar como nossos amigos querem mostrar apoio a Taiwan.”

Pequim realizou exercícios militares em larga escala semelhantes em torno de Taiwan em agosto passado, depois que a então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, visitou a ilha.

Esses exercícios incluíram lançamentos de mísseis chineses sobre a ilha, algo que não foi visto até agora nos exercícios atuais.

Taiwan e China são governados separadamente desde o fim de uma guerra civil há mais de sete décadas, na qual os nacionalistas derrotados fugiram para Taipé.

Taiwan passou de um governo autoritário para uma democracia na década de 1990 e agora é classificada como uma das jurisdições mais livres da Ásia pela Freedom House, uma organização sem fins lucrativos com sede nos Estados Unidos.

No entanto, o Partido Comunista da China reivindica a ilha autônoma como seu território e, nos últimos anos, à medida que seu poder cresceu, o líder chinês Xi Jinping deixou claro suas ambições de “reunificar” com a ilha – pela força, se necessário.

Os exercícios da China também coincidiram com uma visita de Estado do presidente francês, Emmanuel Macron, recebido em Pequim por Xi.

Após sua reunião, Macron pareceu questionar se a França deveria se envolver na crise de Taiwan, dizendo aos repórteres que “o pior seria pensar que nós, europeus, devemos nos tornar seguidores desse tópico e nos adaptar ao ritmo americano ou a uma reação exagerada chinesa”.

Autoridades francesas disseram mais tarde que seus comentários foram mal interpretados. Wu disse à CNN que Taipé pediu esclarecimentos à França.

“Ainda estamos tentando descobrir o que ele disse e o que isso significa por meio do governo francês”, disse Wu, embora tenha notado que “o governo francês tem mostrado apoio a Taiwan”.

À medida que as tensões entre os EUA e a China pioraram em relação a Taiwan, o presidente Joe Biden disse que os EUA defenderiam a ilha militarmente se a China atacasse, embora autoridades do governo tenham insistido que os EUA continuam comprometidos com sua política de “Uma China”.

Os EUA, por meio da Lei de Relações com Taiwan, são legalmente obrigados a fornecer armamento defensivo a Taiwan, mas as autoridades geralmente permanecem deliberadamente vagas sobre se os EUA defenderiam Taiwan no caso de uma tentativa de ataque chinês.

Enquanto Wu enfatizou repetidamente que “defender Taiwan é nossa própria responsabilidade”, ele observou que, com seu relacionamento com seus aliados na região, “os Estados Unidos parecem estar mais determinados do que nunca em criar uma situação (para) que a China saiba que seu um ataque militar contra Taiwan será associado a um alto custo. E agradecemos aos Estados Unidos por terem essa postura.”

Fonte: CNN

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