O ex-ministro da Educação José Mendonça Filho acredita que a decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva de suspender o novo ensino médio tem o objetivo de saciar a sede ideológica dos radicais de esquerda.

“O que o governo fez foi atender à essa sede ideológica dos setores radicais da esquerda brasileira, para que houvesse discussão de uma reforma que não nasceu em um governo de esquerda”, afirmou. “A esquerda sempre dominou o debate acadêmico. Quando você traz uma inovação e não vem desse mundo, é como se tivesse vindo de Marte.”

O governo anunciou a suspensão do novo ensino médio depois de uma reunião entre Lula e o ministro da Educação, Camilo Santana. Também participaram do encontro o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o sindicalista Heleno Araújo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

Ao justificar a mudança, o governo disse ter “preocupação” com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O conteúdo da prova foi editado, em relação ao antigo currículo nacional, e o ministério avalia como insuficiente o prazo oficial de adaptação para 2024.

Mudanças do novo ensino médio

Para o ex-ministro e atualmente deputado federal, o projeto dava “mais flexibilidade curricular, mais protagonismo do jovem na definição dos itinerário formativos e mais conexão com a formação técnica, que significa também proximidade com o mercado de trabalho e com o aumento da renda dos estudantes do nível médio”.

A proposta do novo currículo da educação básica passou a ser dividida pelos seguintes tópicos:

Linguagens e suas tecnologias;
Matemática e suas tecnologias;
Ciências da natureza e suas tecnologias; e
Ciências humanas e sociais aplicadas.
Além disso, a carga horária foi ampliada de 1,2 mil para 1,8 mil horas, das quais 600 serviriam para matérias optativas. O objetivo é estabelecer a “cultura maker”, na qual os alunos aprendem realizando tarefas.

“Na proposta do novo ensino médio, aumentamos a carga horária de quatro para cinco horas, como um padrão para todo o país”, disse Mendonça Filho. “O Brasil tem umas das menores cargas horárias de aulas do mundo. É ridículo.”

Com a base curricular flexível, o aluno, já no 1º ano, definiria a área do conhecimento na qual deseja se aprofundar. O ensino por competência possibilitaria um estudo focado para o desenvolvimento de aptidões e a maturação mais avançada de talentos.

“O aprofundamento se dará daquilo que o jovem deseja para o seu futuro”, observou o ex-ministro. “Se alguém quer estudar mais na área de Direito, por exemplo, vai precisar de aprofundamento nas áreas de humanas. Se quiser fazer engenharia ou algum curso na área de exatas, terá de se aprofundar em física e matemática.”

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