O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou o fato de padres terem sido citados no inquérito que apura uma suposta trama visando um golpe de Estado, e avaliou que o Brasil está “cada vez mais próximo da Nicarágua”, comandada pelo ditador Daniel Ortega.

– Estamos cada vez mais próximos da Nicarágua de Ortega. Segundo o Metrópoles, três padres foram citados no fantasioso relatório final da PF divulgado ontem. O inquérito também cita um frei e outras figuras religiosas por causa de orações, atendimentos espirituais e conversas aparentemente sem nenhum problema que foram transformadas em evidências de uma “trama golpista” – escreveu ele, em postagem em seu perfil no Instagram.

O ex-líder do Planalto explicou a comparação apontando que Ortega “também justifica a perseguição de religiosos e opositores acusando-os de tramarem golpes”.

– Coincidência? Que Deus tenha misericórdia do Brasil – desejou.

Bolsonaro se referia aos padres Genésio Lamounier Ramos e Paulo Ricardo. Ambos foram mencionados no relatório final, embora não tenham sido indiciados. Nos trechos, a Polícia Federal afirma que o padre Genésio foi recebido por Bolsonaro no Palácio da Alvorada no dia 12 de dezembro de 2022, e teria feito uma oração diante de apoiadores do ex-presidente que teria incitado “a realização de um golpe de Estado com a participação das Forças Armadas”.

Já o padre Paulo Ricardo é citado em um email enviado pelo sacerdote José Eduardo – que foi indiciado pela PF no âmbito do caso – ao assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro, Filipe Martins. No email, José fala do colega e pede um encontro com o até então presidente.

– Sabendo da firme posição do presidente Jair Bolsonaro em defesa da vida e contra o aborto, Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior e eu, que estamos há anos engajados no movimento pró-vida e conhecemos bem o desenvolvimento dos dispositivos facilitadores do aborto em nossa nação, gostaríamos de ter uma conversa privada com o presidente para lhe referir algumas iniciativas que podem ser tomadas imediatamente pelo Poder Executivo e que, portanto, são de seu especial interesse – diz a mensagem.

O padre José Eduardo é acusado de participar de uma reunião realizada em 19 de novembro de 2022 com o objetivo de planejar o suposto golpe. Ao todo, foram indiciadas 37 pessoas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o general Walter Braga Netto e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Com mais de 800 páginas, o relatório final do inquérito da Polícia Federal (PF) teve o sigilo retirado pelo ministro Alexandre de Moraes na última terça (26) e foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR). Caberá à PGR denunciar ou não os indiciados à Corte, que vai julgá-los caso isso aconteça.

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