O General Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), negou, nesta quinta-feira, 22, ter fraudado os documentos do GSI sobre o 8 de janeiro. A declaração aconteceu, nesta quinta-feira, 22, durante a CPI do 8 de janeiro do Distrito Federal (DF).
Conforme revelou o jornal O Globo, a comparação entre dois relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) mostrou que o GSI adulterou o primeiro relatório de inteligência enviado a uma comissão do Congresso.
A fraude seria para retirar dos documentos os registros de que o general foi informado por mensagens enviadas para seu celular que alertavam sobre os crescentes riscos de tumulto e de invasões na Praça dos Três Poderes.
“Não fraudei nenhum documento”, disse. “A Abin respondeu à solicitação do Congresso com um compilado de mensagens de aplicativo, em que tinha dia e tempo, na coluna do meio o acontecido e na última coluna a difusão. Esse documento tinha lá ‘ministro do GSI’. Não participei de nenhum grupo de WhatsApp, eu não sou o difusor daquele compilado de mensagens. Então aquele documento não condizia com a realidade. Esse era um documento. Ele foi acertado e enviado.”
Durante a oitiva, G.Dias disse que não foi informado oficialmente pela Abin sobre os riscos de ataques na Praça dos Três Poderes. Segundo ele, apenas conversou por telefone com o Saulo Moura, então-diretor-adjunto da Abin.
“Troquei ideias genéricas com ele sobre a segurança palaciana em 6 de janeiro”, contou G.Dias. “Não falamos de nenhum esquema especial para o dia 8 de janeiro, domingo, porque não havia nenhuma informação que nos indicasse que ocorreria o que ocorreu. Deixei o Palácio do Planalto por volta das 18h.”
Conforme G.Dias, o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), administrado pela Abin, tinha como canal oficial utilizado para a transmissão de mensagens o chamado “Correio Sisbin”. Mas esse canal não estava sendo utilizado, pois a comunicação era feita por alertas no Whatsapp, por meio de grupos — que ele diz não ter participado de nenhum.
Ainda conforme G.Dias, ainda que a conversa com Saulo não o tivesse deixado em alerta, ele deixou o Plano Escudo do Planalto acionado. Contudo, o então secretário-executivo do GSI, general Carlos José Russo Assumpção Penteado, não teria montado o planejamento.