Desconsiderando as cópias das atas eleitorais apresentadas pela oposição venezuelana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse não reconhecer a vitória de nenhum candidato no país vizinho. O petista afirma que não há provas nem do triunfo, nem da derrota do ditador Nicolás Maduro, e ponderou que o chavista “tem o direito de não gostar” de sua opinião em relação ao caso.
– Não aceito nem a vitória dele nem da oposição. A oposição fala que ganhou, mas você não tem provas. Estamos exigindo provas. Obviamente que ele [Maduro] tem o direito de não gostar, porque falei que era importante convocar novas eleições – declarou, durante entrevista à rádio MaisPB.
Lula ainda criticou o tema ter sido enviado à Suprema Corte, em vez de ser solucionado dentro do próprio órgão eleitoral, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral).
– A Venezuela tinha um colégio nacional eleitoral que tinha três pessoas do governo e duas da oposição. Era esse colégio que tinha que dar o parecer sobre as atas. Acontece que Maduro não ouviu esse colégio e passou direto para a Suprema Corte. Não estou questionando a Suprema Corte. Apenas acho que corretamente deveria passar pelo colégio eleitoral que deveria ser criado para esses fins – acrescentou.
O petista, contudo, lavou suas mãos da responsabilidade e disse que cabe a Maduro cuidar de seu país, e a ele próprio tratar do Brasil.
– Maduro cuide de lá. Ele arque com as consequências do gesto dele, e eu arco com as minhas – assinalou.
O CNE declarou a vitória de Nicolás Maduro no pleito presidencial ocorrido em julho; entretanto, nunca apresentou as atas que comprovam o resultado e que têm sido ostensivamente cobradas pela comunidade internacional. Ao referendar a posição do CNE, o TSJ (Tribunal Superior de Justiça) não apenas não divulgou os documentos, como também proibiu que se tornassem públicos.