Duas empresas investigadas pela Polícia Federal por fraude em compras públicas participaram e venceram uma licitação no Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado por Flávio Dino. As duas empresas, do ramo de proteção e produtos balísticos, são a Inbraterrestre e a Glágio do Brasil, segundo informou neste domingo, 17, o site Metrópoles. De acordo com a investigação da PF, as companhias se organizavam para controlar preços e controlar o mercado no país.
As duas são investigadas na Operação Perfídia, deflagrada em 12 de setembro pela Polícia Federal, órgão vinculado ao Ministério de Dino. A operação apura suspeita de fraude em contratos firmados pelo Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro (GIFRJ) em 2018, quando o interventor era o general Walter Souza Braga Netto.
As investigações indicam que a Inbraterrestre e a Glágio do Brasil combinavam os preços que apresentariam em licitações com órgãos públicos. Como são líderes do mercado, as empresas tentavam programar um revezamento na concorrência, para que, a cada oportunidade, uma delas fosse vencedora das licitações alternadamente.
No Ministério da Justiça, as duas empresas ganharam itens de um edital de pregão eletrônico para a compra de coletes, escudos e capacetes no total de R$ 33 milhões. Esses materiais serão destinados às diretorias da Força Nacional de Segurança Pública (DFNSP), de Operações e Inteligência (Diopi) e de Gestão do Fundo Nacional de Segurança Pública (DGFNSP).
Ao todo, a ata do pregão eletrônico tem 45 itens. A Glágio do Brasil teve 12 propostas aceitas, que somam mais de R$ 26 milhões. E a Inbra-Tecnologia — que não é a Inbraterrestre, mas está vinculada ao Grupo Inbra, inclusive com os mesmos sócios — venceu dois itens, no total de R$ 7 milhões.
A sessão de lances ocorreu em 13 de julho, mas o Ministério da Justiça validou as propostas em dezembro, cerca de dois meses depois da Operação Perfídia da Polícia Federal.