Nos últimos quatro meses, o Ceará enfrenta uma escalada de casos que evidenciam a interferência de facções criminosas no cenário político e eleitoral do Estado. Desde janeiro, dois prefeitos foram presos e um terceiro permanece foragido, todos com suspeita de envolvimento com organizações criminosas. Agora, o caso do prefeito de Santa Quitéria ganha novo desdobramento com a aceitação da denúncia em uma Ação Penal Eleitoral pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), além dele o prefeito de Potiretama Luan Dantas (PP) está preso e o prefeito de Choró Bebeto Queiroz (PSB) está foragido.

Em 1º de janeiro de 2025, José Braga Barrozo (PSB), o Braguinha, prefeito reeleito de Santa Quitéria, foi detido momentos antes da posse, investigado por suposta ligação com o Comando Vermelho. Braguinha chegou a cumprir prisão domiciliar, mas foi liberado posteriormente.

Nesta terça-feira (8), o TRE-CE decidiu torná-lo réu em ação penal apresentada pelo Ministério Público Eleitoral. A Justiça também confirmou a determinação de afastamento de Braguinha e do vice-prefeito, Gardel Padeiro, dos cargos. Outras sete pessoas respondem ao mesmo processo. A decisão unânime da Corte jogou mais luz sobre o caso, que é grave.

As investigações apontam que, durante a campanha, o grupo político de Braguinha teria agido em parceria com facção criminosa para intimidar eleitores e adversários. Entre os indícios reunidos pelo MP, estão ameaças a moradores, coação política, entrega de um veículo de luxo a um traficante e até o cancelamento forçado de atos de campanha da oposição.

Mais um caso em Potiretama

Em outro caso recente, no dia 3 de abril, Luan Dantas (PP), prefeito de Potiretama, foi preso sob suspeita de integrar uma facção criminosa. A operação que resultou na detenção foi conduzida pela Polícia Civil, que o encaminhou à Delegacia Municipal de Alto Santo.

O inquérito segue em andamento e, segundo fontes desta Coluna que acompanham a investigação, há elementos contundentes nas apurações até o momento.

Sumiço e cassação em Choró

Além deles, Bebeto Queiroz (PSB), prefeito eleito de Choró, está foragido desde dezembro de 2024. Ele é acusado de liderar uma rede de compra de votos, abuso de poder econômico e uso indevido da máquina pública.

O mandato foi cassado, nesta semana, pela Justiça Eleitoral, que acatou denúncia com base em investigações que identificaram pagamentos ilegais a eleitores e desvio de recursos, dentre outras irregularidades.

Nos três casos, é importante ressaltar, os processos estão em andamento e que os acusados negam as acusações.

Diversas investigações em andamento apontam para práticas como extorsão de candidatos, cobrança de “taxas” para liberação de campanha em áreas dominadas, além do financiamento ilícito de campanhas por parte do crime organizado.

Há um alerta claro: o crime organizado avança sobre o território político, com potencial de contaminar o processo eleitoral e comprometer a representatividade democrática. Diante disso, cresce a pressão sobre instituições como a Justiça Eleitoral, o Ministério Público e os órgãos de segurança para adotar medidas firmes que garantam eleições livres da influência de organizações criminosas.

Fonte: DN

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