Com déficit histórico de R$ 2 bilhões registrado até setembro, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) acumula um forte incremento de gastos em patrocínio de eventos culturais na atual gestão. Só em 2024, os incentivos alcançaram R$ 34 milhões, volume quase 80 vezes maior que a média registrada de 2019 a 2022, de R$ 430 mil ao ano. Chamou a atenção o envio de R$ 600 mil à 36ª Feira Internacional do Livro, em Bogotá (Colômbia), realizada em abril. O evento contou com uma homenagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os eventos, segundo a empresa, O maior deles foi para o festival Lollapalooza, em São Paulo, no valor de R$ 6 milhões, seguido de eventos da Confederação Brasileira de Ginástica, de R$ 4,5 milhões e da turnê Tempo Rei, do cantor Gilberto Gil, com outros R$ 4 milhões.
Os Correios justificaram o patrocínio como forma de “ampliar o alcance e visibilidade da marca”, mas a empresa não opera na Colômbia. “Os Correios investem em patrocínio com vieses institucional e concorrencial. Todos os contratos visam potencializar a marca e os negócios, conforme diretrizes e parâmetros específicos, com base nos normativos e na legislação, e estão alinhados ao plano estratégico da empresa”, disse a estatal em nota ao Poder 360.
A estatal também argumenta que “os valores investidos são compatíveis às contrapartidas e aos formatos de participação em eventos que atendem critérios técnicos”.
Uma das contrapartidas foi uma palestra realizada na feira pela diretora de Governança e Estratégia, Juliana Picoli Agatte, com o título “Sustentabilidade nos Correios: impacto e eficiência para todos”.
Juliana é ligada ao PT e foi indicada ao cargo pelo prefeito de Araraquara e ex-ministro da Secom, Edinho Silva (PT), que deve ser o próximo presidente do partido, a partir de julho de 2025.
Desde fevereiro de 2023, a empresa é presidida por Fabiano Silva dos Santos, integrante do Prerrogativas, grupo de advogados simpáticos ao presidente Lula que atuou fortemente contra as acusações de processos da Lava Jato. Ele também é conhecido como “churrasqueiro de Lula” por sua proximidade com o petista e tem relação de amizade com o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu.