Dados de geolocalização do celular de Filipe Martins indicam que o aparelho telefônico do ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL) esteve ligado no Brasil em 31 de dezembro de 2022, 1 dia depois da suposta viagem com o ex-presidente para Orlando, na Flórida (EUA). Segundo a PF (Polícia Federal), a ida ao país poderia “indicar que o mesmo tenha se evadido do país para se furtar de eventuais responsabilizações penais”. A operadora Tim encaminhou ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre Moraes os registros dos sinais de celular de Martins mostra permanência do aparelho no Brasil em 31 dezembro de 2022 e também apresenta a viagem do ex-assessor para Curitiba (PR).
O ex-assessor está preso desde 8 de fevereiro deste ano por ordem de Moraes, há 13 dias, mesmo com evidências consistentes de que ele não fez a viagem que motivou sua prisão. A defesa tem apresentado múltiplas provas de que o ex-assessor não estava a bordo do avião presidencial que levou Bolsonaro aos Estados Unidos no final de 2022, mas Moraes segue mantendo a prisão preventiva.
Na origem do processo, a Polícia Federal alegou que Martins viajou “sem realizar o procedimento de saída com o passaporte em território nacional” para “se furtar da aplicação da lei penal”. O relatório da Tim é mais uma informação que contraria as alegações da PF. Os dados das antenas captaram o celular de Martins em Brasília no dia 30 de dezembro, data em que Bolsonaro deixou o país. No dia seguinte, o aparelho foi detectado em Curitiba (PR) e depois em Ponta Grossa (PR).
De acordo com os dados, o celular de Martins esteve, do dia 31 de dezembro de 2022 até o dia 9 de janeiro de 2023, em Ponta Grossa, mesma cidade onde ele foi preso em fevereiro deste ano. A empresa aérea Latam já confirmou que Martins embarcou para a capital paranaense no dia 31 de dezembro de 2022.
A defesa também já apresentou comprovantes das bagagens despachadas de Brasília a Curitiba, a mensagem de confirmação da companhia aérea, e fotos do casal com amigos na região de Ponta Grossa, para onde foram de carro após desembarcarem em Curitiba.
Defesa cobrou inclusão de relatório da Tim no processo
A operadora de telefonia encaminhou os dados ao STF no dia 27 de junho por ordem de Moraes. Porém, o relatório só foi juntado ao processo na última segunda-feira (8). Os advogados de Martins vinham cobrando a Corte, pois a Tim já havia confirmado o envio do documento.
O documento foi liberado para a defesa nesta quarta-feira (10). Agora, a expectativa é que um novo pedido de liberdade provisória seja protocolado no STF.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já emitiu, em março, um parecer favorável à liberdade provisória de Martins, mas Moraes não acatou a recomendação. “A pretensão de relaxamento da custódia parece reunir suficientes razões práticas e jurídicas”, disse a PGR.