Em uma revelação de mensagens feitos pelo jornal Folha de São Paulo nesse último final de semana, mostrou a inconformidade de Alexandre de Moraes e seus assessores, os  juízes instrutores Airton Vieira e Marco Antônio Vargas, do STF e TSE (Tribunal Superior Eleitoral), respectivamente, com a Interpol e o governo dos Estados Unidos por não prenderem e extraditarem o jornalista Allan dos Santos.

Em uma das respostas Vargas subiu o tom, descrevendo a postura dos EUA e da Interpol como “sacanagem” e dizendo que tem vontade de contratar criminosos para trazer Allan ao Brasil “na marra”. – Dá vontade de mandar uns jagunços pegar esse cara na marra e colocar num avião brasileiro – assinalou.

Na ocasião, Vargas enviou uma mensagem em um grupo em que estava Vieira pedindo ao colega para falar com a Polícia Federal (PF) sobre incluir Allan dos Santos na lista da difusão vermelha da polícia internacional, a Interpol.

Foi quando Vieira explicou já ter contatado o representante da Interpol no Brasil e em Washington, entretanto, nada havia sido feito, apesar dos reiterados pedidos do Brasil pela extradição do jornalista. Allan dos Santos é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e investigado nos inquéritos das milícias digitais e das fake news.

– A questão do alerta vermelho é uma longa história, mas em resumo é o seguinte: o pedido do alerta vermelho já foi feito há mais de ano, só que ele está em Lyon, que é a sede da Interpol. E o pessoal de lá até agora não atendeu, simplesmente se recusou a pôr e de nada adiantaram os pedidos reiterados feitos pela Interpol aqui do Brasil – replicou Vieira.

O juiz conta ainda que o escritório central da Interpol na França chegou a justificar a não inclusão de Allan na lista por enxergar um possível “viés político” no pedido. Já os Estados Unidos sequer tinham respondido à solicitação até então, mesmo com a prisão preventiva decretada.

Na sequência, Vieira chamou a situação de “difícil” e disse que Moraes “não se conforma” com o caso.

– Não se conforma, com toda a razão. Mas nada podemos fazer quanto a essa questão da Interpol, assim como com a questão da extradição. Tudo o que podíamos fazer foi feito, seguimos todo o trâmite. Mas a Interpol em Lyon engavetou o pedido de alerta vermelho e os EUA não resolvem a questão da extradição. Difícil – acrescentou.

O jornalista segue nos Estados Unidos. Em março deste ano, o país disse que não vai extraditar o comunicador pelo que considera como “crime de opinião”, que é assegurada pela liberdade de expressão.

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