Estudantes de uma escola pública municipal de Fortaleza estão sem aulas no local desde novembro de 2023, quando a instituição foi interditada devido a riscos estruturais. A Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental (EMEIF) Patativa do Assaré, no bairro Carlito Pamplona, atende crianças até o 5º ano do ensino fundamental. É a única do bairro com este perfil, como afirmou à reportagem uma professora da unidade, que prefere não ser identificada.
“Estamos angustiados. A escola sempre teve problemas de infraestrutura, mas de repente os engenheiros disseram que tinha que sair todo mundo. Deixamos tudo nos armários. Alguns dias depois, pegamos livros e demos aos pais”, pontua a docente.
Ela confirma que a instituição “tinha problemas com forro de teto caindo, falta de energia e infiltrações”, e que “cada diretoria que entrava fazia sua parte, mas nunca foi uma reforma completa”.
Segundo a docente, as turmas de 2º e 5º anos chegaram a ser alocadas numa escola municipal próxima à interditada, ainda em 2023. “Ficamos até o Spaece (Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará), no dia seguinte estávamos online”, lembra.
As provas do Spaece são aplicadas pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc) a estudantes de 2º, 5º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. A partir dos resultados, as instituições com melhores desempenhos podem ser premiadas.
“Estamos online agora que começou novamente o ano letivo, mas a cada dia sai muito aluno à procura de outras escolas, pelo presencial. O desespero dos pais é pelo lanche, pela segurança pra deixar os filhos. Muitos não têm onde deixar”. Professora da escola
Segundo ela, 22 turmas do infantil IV até o 3º ano do ensino fundamental estão com aulas online, e outras 8 foram realocadas em outras instituições municipais. “Todos os professores estão angustiados. Temos 9 turmas que já estão abaixo do nível mínimo para existir. Se começarem a sair os alunos, elas deixam de existir”, adiciona.
A professora explica que os próprios docentes ficaram sem local para trabalhar, e têm repassado de casa as atividades aos alunos. “A gente posta a aula, passa para o pai e ele passa pro aluno. Tenho 25 alunos: 5 me dão a resposta das tarefas. Muitos não têm acesso à internet, os pais não têm tempo, precisam trabalhar”, lamenta.
Algumas crianças e professores foram distribuídos a outras escolas, segundo a docente, o que gera perdas permanentes à Patativa do Assaré. “Tínhamos 700 alunos, agora são cerca de 400”, estima. Por dia, cerca de 8 alunos têm pedido transferência, ela aponta.
Ana Cristina Guilherme, presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute), avalia que Fortaleza “tem um parque de escolas antigo, que por ausência de política de manutenção, precisa muitas vezes de obras estruturais”.
A representante da categoria informa que, em diálogo com a Prefeitura de Fortaleza, foi garantido que um novo prédio (alugado e temporário) comportaria a comunidade escolar a partir de segunda-feira (26).
“Deve ser precário, porque não é todo lugar que comporta uma escola. Vamos visitar o local para verificar. A pergunta é: quando vai começar e quando vai terminar essa reforma (da Escola Patativa do Assaré)?”
Fonte: DN