A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 18, um pedido ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para investigar o leilão do arroz conduzido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a compra do cereal importado. Um dos autores do requerimento, deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), afirmou que a solicitação ocorre “suspeita muito grande de que houve um cartel no leilão do arroz.”

“Encaminhamos uma representação ao Cade para avaliar e investigar essa suspeita”, disse Van Hattem. “Várias empresas que não têm nenhuma experiência no mercado e contam com capitais sociais baixíssimos, de R$ 8, R$ 50 e R$ 120 mil, vendendo milhões de reais de arroz para o governo federal, sem disputa entre si.”

O deputado federal ainda destacou que a ideia de realizar o certame pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocorreu “em um momento de calamidade do Rio Grande do Sul”, o que prejudicaria “ainda mais nosso produtor.”

“Esse produtor de arroz que já produziu o suficiente para o Brasil e agora precisa ainda sofrer esse dumping de arroz importado subsidiado sabe-se lá para beneficiar quem”, acrescentou Marcel van Hattem.

Neri Geller fala sobre leilão do arroz

Também durante a comissão, na manhã desta terça-feira, 18, o ex-secretário de Políticas Agrícolas, Neri Geller, prestou esclarecimentos sobre o leilão do arroz. Ele foi demitido pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, depois da suspensão do certame em decorrência das suspeitas de irregularidades.

Para Marcel van Hattem, o ex-secretário se esquivou de trazer detalhes a certos questionamentos realizados pelos parlamentares presentes na Comissão de Agricultura.

“Ele empurrou praticamente tudo para cima do ministro Carlos Fávaro”, disse. “Inclusive, falou que na opinião dele não era necessário a importação desse arroz, confirmando o que já havíamos dito há tempos. Agora, resta ao ministro Carlos Fávaro falar sobre essa questão quando vier à Câmara.”

O titular do Ministério da Agricultura irá à comissão na manhã desta quarta-feira, 19, a convite. Também terá de prestar esclarecimentos sobre o leilão do arroz do governo Lula.

“Claro que não podemos esquecer que o Neri Geller, que era o secretário de Políticas Agrícolas, tinha os seus ex-assessor e ex-advogado, e também o filho que é sócio deles, nessa participação no leilão de arroz”, destacou. “Muito suspeito.”

O deputado federal sinalizou que o ex-secretário “pouco falou” sobre o tema. “Disse que é uma atividade privada e que nada tinha a ver com o assunto. Mas, obviamente, cabe aos órgãos de fiscalização que façam seu serviço”, destacou Van Hattem.

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