O ex-presidente Jair Bolsonaro disse na manhã desta quinta-feira, 29, que “ainda conta” com a isenção da maioria dos integrantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Até o último momento eu conto com um julgamento justo.” O ex-presidente ainda classificou o julgamento como “político”. Bolsonaro voltou a citar o posicionamento de Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, partido responsável por abrir a ação contra o ex-mandatário no TSE.

Em gravação de 2021, Lupi defendeu a necessidade de o sistema eleitoral brasileiro contar com uma espécie de comprovante impresso do voto registrado por meio da urna eletrônica.

“Qual a materialidade da peça de Carlos Lupi, que falou em fraude sem voto impresso”, questionou Bolsonaro. “O que parece que a esquerda quer? Ter uma eleição em 2026 sem concorrente.”

A Corte Eleitoral retoma hoje a análise da ação que pode tornar Bolsonaro inelegível por oito anos. O relator do processo, ministro Benedito Gonçalves, votou por condená-lo na terça-feira 27. De acordo com o magistrado, Bolsonaro cometeu abuso de poder econômico e usou indevidamente os meios de comunicação.

Em Brasília, antes de embarcar para o Rio de Janeiro onde cumprirá uma agenda de compromissos hoje, Bolsonaro disse aos jornalistas que no país “não pode ser um tabu” discutir certos assuntos.

“Qual o problema de você apresentar propostas para aperfeiçoar aquilo que é a alma da democracia, que nós podemos dar para a população a garantia de que as eleições foram transparentes e seguras”, questionou o ex-presidente. “Para alguns é crime duvidar.”

Durante a entrevista aos jornalistas, o ex-presidente citou um projeto de lei apresentado pelo petista José Dirceu, na Câmara dos Deputados, em 1999, criando uma comissão de acompanhamento para o voto eletrônico.

Bolsonaro leu um parágrafo da justificativa apresentada pelo petista, na época: “Como afirmou o próprio Tribunal Superior Eleitoral, durante o último pleito de 1998, não existe sistema isento de falhas e não há garantias efetivas de que um programa paralelo não seja implantado com a finalidade de adulterar a votação.”

Votação no TSE

Perguntado se conversou com o ministro Nunes Marques recentemente, sobre a votação na Corte Eleitoral, o ex-presidente disse que não. “É natural conversar, mas não conversei com ele”, disse. “Eu tenho certeza de que ele vai ser isento e fará o que for possível para mostrar que eu não tenho culpa, que eu não cometi nenhum crime reunindo embaixadores.”

“A minha reunião não tem nada demais. É uma política minha privativa”, voltou a dizer. “Não tem problema, é informação.”

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