O apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Venezuela ameaça as relações comerciais do Brasil com outros países, especialmente com os Estados Unidos e os membros da União Europeia (UE). Estes aplicaram sanções contra o regime do ditador Nicolás Maduro. O CEO da gestora Multiplike, Volnei Eyng, avalia que o apoio de Lula ao ditador venezuelano pode ser visto pelos Estados Unidos e por países europeus como uma afronta a questões relacionadas a direitos humanos e democracia, podendo gerar tensões comerciais e políticas.
Nesta quinta (1.°), o governo dos Estados Unidos reconheceu a vitória do candidato da oposição, Edmundo González. Nota assinada pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, enfatizou que o resultado avalizado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo chavismo, dando a vitória a Maduro “não representa a vontade do povo venezuelano.”
Lula tem adotado uma postura dúbia em relação ao resultado das eleições na Venezuela: ao mesmo tempo que diz que ainda não reconhece a eleição, afirmando aguardar a divulgação da votação desagregada por urna, evita fazer críticas aos abusos cometidos pelo governo venezuelano antes, durante e após a eleição.
O presidente brasileiro chegou a afirmar que não havia “nada de anormal” com a vitória de Maduro nas eleições, o que rendeu críticas da oposição.
Decisão de Lula pode ser encarada como afronta a direitos humanos e democracia
As exportações para ambas as regiões, que respondem por um quarto das vendas brasileiras, cresceram no primeiro semestre comparativamente ao mesmo período de 2023, apontam dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Para a maior economia global, a alta foi de 12%, atingindo US$ 19,2 bilhões. Para a UE, o incremento foi menor, 2,1%, chegando a US$ 23,3 bilhões. As importações, entretanto, caíram.
Eyng avalia que as relações do Brasil com países latino-americanos que se opõem a Maduro também podem ser afetadas. Na segunda-feira, o ditador anunciou que expulsaria o pessoal diplomático da Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.
“O suporte a regimes autoritários pode prejudicar a imagem internacional do Brasil, afetando investidores e parceiros comerciais que valorizam a governança democrática e os direitos humanos. Manter um equilíbrio diplomático que enfoque tanto interesses econômicos quanto humanitários será crucial para que o Brasil maximize seus benefícios comerciais e mantenha boas relações internacionais”, disse Eyng.