A atriz Sabine Boghici, de 49 anos, que foi presa em agosto do ano passado sob a acusação de ter aplicado um golpe milionário contra a mãe, morreu na tarde desta quinta-feira (14) ao cair do quinto andar de um prédio na Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A mulher chegou a ser levada para o hospital em estado gravíssimo, mas não resistiu aos ferimentos.

Herdeira de um dos maiores colecionadores de arte do Brasil, o marchand Jean Boghici, que morreu em 2015, Sabine estudou no Lycée Molière, colégio renomado do Rio de Janeiro. Ela atuava como modelo e defendia a causa animal. Em 2012, o nome dela chegou a aparecer nos jornais após conseguir salvar duas cadelas e 14 gatos de um incêndio no apartamento da família.

Sabine foi presa em agosto de 2022 acusada de ter dado um golpe milionário na própria mãe, a francesa Geneviève Boghici, viúva de Jean. De acordo com as investigações, a série de explorações da atriz contra a mãe teria começado em janeiro de 2020, quando a idosa foi abordada por uma suposta cartomante que se apresentou como Diana.

Na ocasião, a tal cartomante teria dito que a filha de Geneviève estava doente e morreria dentro de pouco tempo. Aproveitando-se das crenças da senhora, a mulher a convenceu a investir em tratamentos espirituais para salvar Sabine. Ao todo, foram feitos oito pagamentos, que somaram R$ 5 milhões.

Durante esse período, Sabine isolou Geneviève de pessoas próximas e demitiu os funcionários domésticos. Desconfiada da filha, a francesa decidiu suspender os pagamentos. A partir de então, Sabine passou a ameaçar a mãe de morte e a agredi-la. Ao longo do isolamento causado pela pandemia da Covid-19, os abusos ficaram mais recorrentes, e Geneviève foi proibida de usar o telefone.

Nesse tempo, a filha da francesa recebia visitas de outra suposta vidente envolvida no golpe, Rosa Stanesco Nicolau, também conhecida como Mãe Valéria de Oxossi. Por diversas vezes, Sabine ameaçava a mãe com facas, e Rosa mandava matá-la caso não fossem realizadas transferências bancárias.

Ao todo, foram realizadas 39 pagamentos à quadrilha liderada por Sabine, além dos bens que foram levados da casa da francesa, sob a alegação de que eles estavam amaldiçoados e precisavam ser benzidos. Entre as peças furtadas estavam 16 obras de arte milionárias, de autoria de Tarsila do Amaral, Cícero Dias, Antônio Dias, Michel Macreau, entre outros artistas.

Após ficar cerca de sete meses presa, Sabine obteve liberdade provisória em março deste ano por decisão do juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, da 23ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. O magistrado considerou que Sabine não era uma “pessoa de alto grau de periculosidade”.

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