A Justiça aceitou nessa terça-feira, 23, denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE) contra uma mulher de 38 anos suspeita de ter mandado matar o próprio namorado, um homem de 31 anos, no último dia 29 de dezembro no bairro Edson Queiroz, em Fortaleza. Conforme a investigação da Polícia Civil, o crime teria sido praticado por o homem ter denunciado o filho de 13 anos da acusada por estuprar duas filhas dele, crianças de cinco e oito anos de idade. Ela negava as acusações.

A 7ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apurou que a versão contada pela ré não era condizente com as imagens da câmera de vigilância que flagrou o crime.

A mulher afirmou em depoimento que ela e o namorado voltavam de uma boate, por volta das 3h30min, quando o homem parou o carro em que trafegavam para urinar. Três homens armados, então, teriam cercado o veículo, tirado a vítima do carro e efetuado disparos contra ele.

As imagens da câmera, entretanto, mostram que apenas o vulto de um homem é visto no momento da execução e que a vítima estava dentro do carro quando foi morta. Os disparos também ocorreram dentro do veículo.

Outras contradições foram apontadas pelo DHPP, como a acusada ter dito que a avenida tinha fluxo de veículos, enquanto os vídeos mostram que a via estava vazia. Ela também havia dito que um carro estava parado na avenida onde o crime ocorreu, o que não foi constatado nas gravações.

Sobre a motivação do homicídio, a Polícia apurou que, um mês antes da execução, um boletim de ocorrência foi registrado denunciando as supostas agressões sexuais praticadas pelo adolescente filho da ré.

Segundo familiares, narra a denúncia do MPCE, a mulher “ficou muito revoltada alegando que o seu filho era inocente e que era apenas uma criança”. O homem ainda teria ordenado que o filho da acusada saísse de casa.

“Portanto, apurou-se que a ré assim agiu pelo fato de a vítima e seus familiares terem levado ao conhecimento das Autoridades Policiais o fato de que seu filho ter estuprado dois filhos da vítima, bem como pelo fato de a ré supor/temer que a vítima poderia praticar alguma agressão contra a ré ou seu filho em razão do abuso sexual praticado pelo adolescente”, afirmou na denúncia a promotora Márcia Lopes Pereira.

O MPCE ainda citou que a ré já possuía uma arma de fogo antes do crime e relatos de familiares apontam a possibilidade de que o relacionamento entre os dois estava conturbado, com relatos de violência doméstica. “Soma-se a esse contexto a informação de que a vítima seria envolvida em organização criminosa e tinha histórico de violência doméstico familiar”.

A acusada foi presa temporariamente em 26 de fevereiro e, nessa terça, a 5ª Vara do Júri decretou a prisão preventiva da ré. A juíza Valência Maria Alves de Sousa também determinou a juntada de relatório da extração dos dados obtidos com a apreensão do celular da acusada.

Fonte: O povo

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