Entre os meses de janeiro a fevereiro deste ano, 35 casos de abuso sexual contra crianças (até 12 anos) foram registrados em Fortaleza. Os dados apontam que uma criança sofreu abuso a cada dois dias na Capital neste período. Ainda neste ano, no Ceará, foram registrados 144 casos de violência sexual infantil. O cenário é praticamente igual ao do ano passado, quando a Capital teve, no mesmo período, 36 registros.

As informações são de um levantamento feito pelo O POVO por meio de dados coletados do painel estatístico da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS).

No ano passado, a Capital teve 313 casos de crimes sexuais infantis. No Estado, foram 2.154 registros. Esse é o panorama e os números começam a revelar histórias. Um dos crimes neste ano supostamente aconteceu nas dependências da escola onde a vítima estudava, equipamento da rede pública de ensino.

O caso mais recente foi denunciado nessa quarta-feira, 27. Uma criança de 4 anos teria sido abusada sexualmente dentro de uma escola pública no bairro Bonsucesso, em Fortaleza, supostamente por um funcionário da instituição. O crime teria acontecido na sexta-feira passada dentro do banheiro.

A mãe da vítima fez a denúncia da violência sexual após constatar o crime em exame de corpo de delito.Em fevereiro deste ano, uma criança de 6 anos de idade foi encontrada morta dentro de um porta-mala de um veículo no bairro Tabuba, no município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A vítima foi encontrada com sinais de violência sexual. O principal suspeito é o primo da criança, um adolescente de 14 anos.

Nessa terça-feira, 26, ele foi apreendido pelo crime de estupro de vulnerável e homicídio e a tia-avó da criança, uma mulher de 56 anos, foi presa suspeita de ocultação de cadáver, fraude processual e falso testemunho. Os casos são investigados pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca) e pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

De acordo com Cecília Gois, integrante da Comissão de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, do Fórum Permanente de ONGs de Defesa de Direitos de Crianças e Adolescentes do Ceará (Fórum DCA Ceará), a maior dificuldade do cenário é a vítima sentir confiança em relatar o que sofreu.

“As crianças têm a crença de que os adultos não acreditam no que elas dizem. O cenário é ainda difícil quando elas são ameaçadas pelos agressores. A criança se vê presa nessas duas forças”, explica.

Fonte: O Povo

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