A Justiça do Ceará decidiu absolver 15 homens acusados de um ataque a uma agência bancária na cidade de Ipaumirim, no Interior do Ceará. Quase nove anos após o crime, o grupo acusado de explodir o banco foi inocentado após os juízes da Vara de Delitos de Organizações Criminosas entenderem que não existem provas suficientes para a condenação.
No decorrer dos processos desmembrados, dois denunciados morreram e tiveram a punibilidade extinta. Os magistrados apontam na decisão que imagens das câmeras de segurança não foram recuperadas ou não existiam e que o Ministério Público do Ceará (MPCE) se limitou a reproduzir a versão de um corréu.
“Os acusados interrogados em Juízo negaram a Autoria delitiva. Nesta toada, entendo que os elementos constantes do processo não permitem a formação de uma cognição adequada quanto à autoria dos acusados… O Ministério Público em sede de alegações finais não teceu nenhuma linha sequer do laudo pericial dos 10 celulares, 12 chips GSM e um cartão de memória apreendido na posse dos acusados. Desta feita, a leitura dos relatórios de investigação ora mencionados, permitem concluir pela total ausência de provas da autoria delitiva imputada”, conforme a decisão.
QUEM SÃO OS ABSOLVIDOS:
- Marcos Antonio Barbosa da Silva Rodrigues
- José Ribamar Gonçalves de Oliveira
- Welligton Rocha Marques da Nóbrega
- Francisco Anicleudo Macedo da Silva,
- João Eudes Paulino
- Erlanio Freire Rodrigues
- Joseano Benedito Tomaz
- Josemar José de Matos
- Valney Rodrigues de Souza
- José Nizaldo de Souza
- Antonio João Barros
- Odilon Neto Dias Nery
- Francisco Tavares de Oliveira Neto
- Cícero Rangel de Sousa e
- Jerry Adriano de Lima
Tiveram a punibilidade extinta por morte: Francisco Daniel Alves Parnaíba e Manoel Pereira da Silva. Para o Judiciário, “a fragilidade das provas colhidas na instrução processual é evidente”.
As defesas dos absolvidos não foram localizadas. O espaço segue aberto para manifestações futuras.
ATAQUE ACONTECERIA EM OUTRO ESTADO
De acordo com a acusação, a organização criminosa tinha se programado para cometer o ataque na cidade de Santa Helena, na Paraíba. No dia 29 de setembro de 2016, três acusados foram tirar fotos de uma casa lotérica e agência do Bradesco, mas “perceberam que o efetivo de policiais estava muito intenso”.
“Em virtude do aumento do efetivo policial na cidade de Santa Helena, resolveram praticá-lo na cidade de Ipaumirim, onde já existiam olheiros no local (Odilon e Francisco Daniel)” MPCE
No dia 6 de outubro de 2016, por volta das 0h30, o caixa eletrônico da agência do Banco do Brasil em Ipaumirim foi explodido.
Pelo menos 20 pessoas fortemente armadas, utilizando fuzis, teriam participado do crime e feito vários reféns no local. Jerry Adriano é quem teria contado aos policiais sobre o valor e identificado os outros autores do roubo.
FUZIS
“Após várias diligências realizadas pela Polícia Civil em comunhão de esforços com a Polícia Militar, chegou-se a informação de que, na verdade, o ato criminoso envolvia uma organização criminosa composta por várias pessoas, tendo a sua disposição a quantidade de 10 carros para possibilitar a divisão de tarefas, bem como armamento composto por fuzis e outras armas de grande poder de fogo”, diz trecho da denúncia do MPCE.
Policiais localizaram um Fox branco, com 11 munições de escopeta e restos de metal, possivelmente do caixa eletrônico, abandonado na zona rural de Santa Helena.
Quando se entregou às autoridades, Jerry disse ainda que viu diversas armas, como seis pistolas calibre 40, dois fuzis AK47, um fuzil 556 e uma calibre 50 (parafusada em cima de S10 PRATA).
Na versão do acusado agora inocentado, o crime foi minuciosamente planejado e que “todos os carros possuíam rádios transmissores. Constatou-se que a organização detinha grampos, explosivos, máscaras e luvas”.
A denúncia foi recebida em novembro de 2016 e o processo principal desmembrado devido à quantidade de réus. As absolvições foram publicadas no Diário da Justiça da última semana.
Fonte: DN