O centro da cidade de Fortaleza também era alvo das facções, pelo menos a 2 anos, elas atuam extorquindo comerciantes da região, de acordo com informações obtidas pelo Diário do Nordeste, os valores cobrados das vítimas variavam de R$ 30 a R$ 30 mil reais. “Pega a visão, não é golpe de cadeia”, “mim bloquei e já vou saber a sua resposta. Aí é guerra porque lá você não trabalha mais” e “pague sua taxa e trabalhe de boa” (sic), são algumas das frases ameaçadoras que um membro do Comando Vermelho (CV) teria enviado no Whatsapp de empresários.
O de R$ 30 um tipo de ‘caixinha’ cobrada de travestis e ‘garotas de programa’ que atuam na região. Para vender drogas no Centro, R$ 200; àqueles que comercializam ouro, uma, duas ou três gramas do metal, a depender se a empresa é grande ou pequena. Aos lojistas de setores, como, lojas de tintas e de suplementos, o valor exigido era mais alto: de R$ 10 a R$ 30 mil.
A Polícia Civil do Estado do Ceará disse por nota que “existe um inquérito policial em andamento para apurar supostas extorsões sofridas por empresários na região do bairro Centro, na Área Integrada de Segurança 04 (AIS 04) de Fortaleza. Mais informações sobre o caso serão fornecidas em momento oportuno para não atrapalhar as investigações”.
Um homicídio ocorrido no ano passado, na Avenida Jovita Feitosa, mostrou novamente às autoridades informações sobre o esquema de extorsão no Centro. Isaac de Carvalho Alves, morto na Parquelândia, foi apontado como um dos membros do Comando Vermelho (CV) que tinha como função recolher as taxas exigidas a mando do líder, conhecido como ‘Pablo Escobar’. Ele foi morto quando a facção desconfiou de ‘traição’.
A reportagem buscou a Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL de Fortaleza) a fim de saber das ameaças. Como resposta, a CDL disse que “nos últimos 30 dias, no período noturno, foram furtados, no Centro de Fortaleza, fios de internet, de energia elétrica, além de cobre de aparelhos de ar-condicionado, conforme relato de alguns lojistas da região” e propõe reforço de policiamento ostensivo noturno.
AMEAÇAS
Valdenir Lima Saraiva foi identificado como envolvido nas extorsões. Ele foi indiciado pela PCCE e denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) no ano passado.
Em um dos casos que ele estaria por trás, criminosos chegaram a incendiar o cadeado colocado na porta de uma loja, tendo o proprietário do estabelecimento recebido a mensagem: “agora você acredita que não é golpe. Isso foi só um alerta pra você mim pagar” (sic)
A reportagem teve acesso a documentos que trazem detalhes da investigação acerca das ameaças aos comerciantes do Centro. A Polícia passou a ter conhecimento dos casos quando um empresário prestou Boletim de Ocorrência em 2023.
O comerciante contou que “vinha recebendo várias mensagens via whatsapp de números desconhecidos, com tom ameaçador, exigindo que o declarante pagasse a quantia de R$30.000,00 (trinta mil reais), pois, caso contrário, iriam queimar suas lojas, localizadas no Centro de Fortaleza/CE, bem como ‘encher a cara do declarante de bala'”.
No fim daquele ano, as ameaças começaram a ser cumpridas. O cadeado da loja foi queimado, como um aviso
“Assim, constatou-se após se realizar as oitivas de vítimas e interrogatórios dos envolvidos, que Valdenir Lima Saraiva é quem praticava as extorsões contra os comerciantes… Por óbvio, Valdenir não aparecia, e se valia de terceiros para receber os valores, bem como de terminais diversos para passar despercebido, tendo utilizado a conta de Gisely Raynara Rolim de Souza para praticar as extorsões e a indicação de Everton Batista Cardoso para que Gisely fornecesse a conta para viabilizar a extorsão”, segundo denúncia do MPCE contra o trio.
Fonte: DN