De acordo com o jornal O Povo, denúncias apontam que integrantes de uma facção criminosa estão extorquindo comerciantes e outros prestadores de serviço no Centro de Fortaleza. Entre os alvos da cobrança estão vendedores de ouro, flanelinhas, vendedores de passes cards e prostitutas.
As práticas criminosas vieram à tona durante a investigação de um homicídio ocorrido no último dia 16 de outubro na avenida Jovita Feitosa, no bairro Parquelândia. Isaac de Carvalho Alves, de 26 anos, foi morto a tiros por uma dupla de motoqueiros, enquanto trafegava de carro.
A 6ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (6ª DHPP) apurou que PT, como Isaac era conhecido, era integrante de uma célula da facção Comando Vermelho (CV) que age no Centro de Fortaleza. Entre as funções que desempenhava no grupo criminoso estava o recolhimento de “taxas” que eram cobradas pelo CV aos comerciantes do bairro.
“Todos no Centro pagam pedágio e caixinha para ESCOBAR, por exemplo, os travestis e as putas pagam 30 reais por dia de caixinha, o frente da droga paga 200 reais (e 100 reais a mais por cada correria) por mês, todo dia 10” (Sic), afirmou uma testemunha ouvida pelo DHPP.
Escobar foi identificado como Anderson Ricardo Lima da Rocha, de 29 anos. Ele é procurado pelas Forças de Segurança do Estado, sendo que há informes de que, atualmente, ele se encontra fora do País.
Ainda de acordo com a testemunha ouvida pelo DHPP, pessoas que trabalham negociando ouro são obrigadas a pagar “pedágios” semanais à facção: três gramas para quem tem “empresa grande” e uma grama para quem tem “banquinha”. “A vida de quem trabalha no Centro é muito cruel, pois o grupo de ESCOBAR é muito opressor”, desabafou a testemunha.
Outros relatos que são apurados pela Polícia Civil indicam que as cobranças de taxas também se estendem a outros segmentos de trabalhadores do Centro, a exemplo de flanelinhas e de vendedores de créditos de cartões de transporte.
Relatos de extorsão a comerciantes no Centro são feitos desde, pelo menos, 2023. Naquele ano, três pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Estado (MPCE) acusadas de exigir taxas de proprietários de lojas da avenida Duque de Caxias.
Um dos comerciantes afirmou ter recebido diversas mensagens pelo aplicativo WhatsApp, exigindo o pagamento de R$ 30 mil. Caso contrário, os criminosos, conforme disseram, incendiariam as lojas, assim como iriam “encher a cara” dele “de bala”.
“Sua loja faz parte da minha área CV” (sic), consta em uma mensagem enviada a um outro comerciante. “Eu já comecei a falar com algumas pessoas da área que tem loja e comércio cada um tem uma taxa de pagamento com valor diferente taxa única para trabalhar avisa toda em paz sem mexer com você valor da sua taxa é de 10.000” (sic).
Os três denunciados pelo MPCE foram: Valdenir Lima Saraiva, de 36 anos, Gisely Raynara Rolim de Souza, de 32 anos, e Everton Batista Cardoso, de 32 anos. Valdenir foi apontado como tendo cargo de comando no CV e sendo o mandante das extorsões.
Já Gisely seria uma “laranja”, ou seja, recebia em suas contas bancárias os valores obtidos com o crime. Gisely confessou em depoimento que, em novembro de 2023, recebeu R$ 10 mil, sendo que, conforme o acordo feito, ela ficou com R$ 1 mil. Everton, por sua vez, teria intermediado o contato entre Valdenir e Gisely.
Gisely foi presa, mas obteve a prisão relaxada em fevereiro deste ano. Everton continua preso, mas Valdenir continua com o mandado de prisão preventiva a ser cumprido.
Fonte: O Povo