A Polícia Federal (PF) recuou de sua versão inicial sobre a alegada viagem de Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência no governo de Jair Bolsonaro, para os Estados Unidos. Conforme um relatório divulgado nesta terça-feira (26) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Martins teria “forjado uma possível saída do Brasil” para dificultar sua localização durante as investigações sobre um suposto plano de golpe de Estado. Essa nova versão contradiz declarações feitas pela própria PF ao prender Filipe Martins, em fevereiro deste ano. Na ocasião, a corporação afirmou que o ex-assessor havia viajado para Orlando, na Flórida, em dezembro de 2022, junto com o então presidente Jair Bolsonaro.
No relatório, a PF afirma que Martins simulou a saída do país no final de 2022 como uma estratégia para despistar as autoridades:
“O conjunto de elementos probatórios reunidos ao longo de todo período investigativo demonstraram que Filipe Martins forjou uma possível saída do Brasil no final do ano de 2022 com o objetivo de dificultar sua eventual localização e consequente aplicação da lei penal.”
A corporação ainda comparou Martins a outros investigados que, sem sucesso em seus planos de “subversão do regime democrático”, teriam adotado estratégias semelhantes para ocultar seu paradeiro.
Martins permaneceu preso por seis meses antes de ser liberado, enquanto o caso ainda segue em análise.
Martins no “Núcleo Jurídico”
No mesmo relatório, a PF aponta Filipe Martins como parte do “Núcleo Jurídico”, um dos seis setores que, segundo as investigações, sustentariam o suposto plano golpista. Esse núcleo teria a função de elaborar minutas de decretos com fundamentações jurídicas e doutrinárias alinhadas aos interesses do grupo investigado.
A contradição nas alegações da PF levanta dúvidas sobre a condução das investigações e pode enfraquecer acusações contra Martins. O caso expõe falhas no monitoramento de informações e abre espaço para questionamentos sobre o rigor das apurações relacionadas ao suposto golpe de Estado.