Após um período com menos registros durante a pandemia de Covid-19, as internações de crianças de até 9 anos por essas doenças atingiu o maior número desde 2019. Entre janeiro e julho de 2024, houve mais de 3,8 mil internações de crianças dessa faixa etária no Estado, um aumento de 27% em relação aos mesmos meses de 2023.

A maioria das crianças internadas neste ano eram meninos (52,6%) e o atendimento ocorreu em caráter de urgência (97,3%). A análise foi feita pelo Diário do Nordeste a partir dos dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), do Ministério da Saúde, para as seguintes causas de internação: “diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível” (CID-10: A09) e “outras doenças infecciosas intestinais” (CID-10: A02, A04-A05, A07-A08).

Neste setembro de 2024, os irmãos Ísis, 2, Isadora, 2, e Natan, 9, passaram quatro dias com sintomas gastrointestinais, como vômito e diarreia. Com os filhos sentindo dor no estômago, a cirurgiã-dentista Ilania Reis, de 34 anos, buscou atendimento em um hospital particular e recebeu a orientação de garantir muita hidratação e medicações específicas. Na emergência hospitalar, ela conta ter visto várias outras crianças que apresentavam os mesmos sintomas.

As doenças diarreicas agudas (DDA) são caracterizadas pela ocorrência de pelo menos três episódios de diarreia aguda em 24 horas, podendo ser acompanhados de náusea, vômito, febre e dor abdominal. Elas podem ser causadas por diferentes agentes, como bactérias, vírus ou outros parasitas, que levam a uma inflamação trato gastrointestinal, a gastroenterite.

Os dados também mostram que, no número absoluto de internações, o Ceará ficou em terceiro lugar do Brasil com mais registros em 2024 e em segundo do Nordeste. No ranking nacional, o Estado ficou atrás apenas do Maranhão (6.961) e do Pará (4.395), e à frente da Bahia (3.581) e de São Paulo (3.088).

As gastroenterites são comuns na infância e os dados de internação mostram apenas uma fração das crianças com as infecções. Por não serem doenças de notificação compulsória, o acompanhamento é feito mais de perto pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) em casos de surtos — que ocorrem com frequência em diferentes locais do Estado, segundo o médico epidemiologista Carlos Garcia Filho, orientador da Célula de Vigilância e Prevenção de Doenças Transmissíveis e não Transmissíveis da Sesa.

“Muitas vezes, eles vão estar relacionados a uma fonte alimentar comum ou uma fonte hídrica comum”, explica. Os surtos podem ocorrer em uma festa em que várias pessoas ficam doentes, por exemplo. Nesses, o médico destaca a importância de o paciente explicar esse contexto ao buscar um profissional de saúde para o surto ser notificado e a situação ser acompanhada.

Fonte: DN

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