Parlamentares estaduais e federais desconfiam da lisura do leilão do arroz do governo de Luiz Inácio Lula da Silva para comprar 300 mil toneladas do produto. O deputado estadual gaúcho Marcus Vinícius (PP) está questionando a capacidade das empresas vencedoras, que são microempresas e têm capital social até dez vezes menor do que o montante vendido ao governo. É o caso da Queijo Minas, um minimercado em Macapá (AP), com capital social de R$ 80 mil, que vendeu 147 mil toneladas de arroz ao governo, ao custo de R$ 736 milhões. “Não é crível que um minimercado chamado Queijo Minas, em Macapá, consiga, com R$ 80 mil de capital social, ser o maior vendedor neste leilão”, declarou o parlamentar estadual.

Zafira Trading Ltda

De acordo com o contrato social, divulgado por Marcus Vinícius, o objeto da Zafira Trading é atividade de consultoria em gestão empresarial e o capital social R$ 110 mil. Vendeu 73,8 mil toneladas de arroz, perfazendo R$ 369 milhões.

Weasley Alves de Sousa Ltda.

Microempresa com capital social de R$ 80 mil, cujo nome de fantasia é Queijo Minas. Localizada em Macapá (AP), o objeto da empresa, conforme o contrato social, é comércio atacadista de leite e laticínios, além de outros produtos alimentícios, como hortifrutigranjeiros, carnes e produtos de pescado. Vendeu 147,3 mil toneladas, que custaram R$ 736 milhões.

  • Icefruit Indústria e Comércio de Alimentos

Sediada no Estado de São Paulo, a Icefrut tem como objeto a fabricação de conservas de frutas e de sorvete. Vendeu para o governo federal 19,7 mil toneladas de arroz, somando R$ 98 milhões.

  • ASR Locação de Veículos e Máquinas

Localizada no Distrito Federal, a empresa tem como atividade principal a locação de máquinas e veículos, além da comercialização de itens de higiene pessoal, vestuário, transporte coletivo de passageiros, construção de edifícios, construção de rodovias, ruas, praças e obras de terraplanagem na diversidade. No leilão, vendeu R$ 112 milhões, o que corresponde a 22,5 mil toneladas de arroz.

Deputado vai levar caso do leilão do arroz ao Tribunal de Contas

No pronunciamento, o deputado estadual Marcus Vinícius disse que vai levar o caso para o Tribunal de Contas da União (TCU). “Há indícios fortes de irregularidades no leilão do arroz”, disse. “Convido os deputados desta Casa a representarmos juntos ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público Federal, para que passe um pente fino nesse leilão.”

Segundo ele, apenas uma eventual comissão a essas empresas, caso façam a intermediação da compra, representaria um valor milionário. “Eu volto a dizer: se, de comissão, essas empresas que vão fazer a trade, a busca do arroz de fora, trazer para o Brasil, o serviço de atravessador, como popularmente é dito, ganharem 1% apenas (porque a gente sabe que não é 1% da comissão), estariam ganhando uma mega cena acumulada de R$ 70 milhões”, declarou. “Esse foi o primeiro leilão que poderá chegar a até 1 milhão de toneladas.”

O parlamentar também apelou ao governo para cancelar o leilão. “Cancelem esse leilão e joguem no lixo essa ideia maluca e absurda, que tanto pode prejudicar o Rio Grande Sul e o Brasil num momento como esse”, finalizou.

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