O jornal Folha de S.Paulo provocou revolta nas redes sociais neste domingo, 5. A publicação passou a ser alvo de críticas em decorrência de uma charge em que debocha da situação do Rio Grande do Sul. Em decorrência das recentes chuvas torrenciais e de alagamentos de rios, 83 mortes foram confirmadas até a manhã desta segunda-feira, 6, conforme boletim da Defesa Civil gaúcha.
Assinada por Jean Galvão, a charge divulgada pela Folha mostra o que seria uma família composta por pai, mãe e dois filhos. Os quatro estão no telhado da casa, que aparece quase que totalmente submersa pela inundação. Enquanto o homem parece clamar por ajuda, uma das crianças afirma: “Não chora, vai alagar ainda mais”.
Pela rede social Twitter/X, internautas comuns e influenciadores digitais reclamaram do material que foi ao ar na versão on-line do jornal, que pertence ao Grupo UOL. Muitos se perguntaram qual foi a intenção do veículo de comunicação.
“O que a Folha quis transmitir com essa charge?”, indagou Bárbara Destefani, do perfil TeAtualizei. “Péssimo tom! Inacreditável.”
“A charge do Pravda tupiniquim retrata fielmente a linha editorial da espelunca: torpe, desumana e militante”, afirmou a influencer Claudia Wild, que soma 311 mil seguidores no Twitter/X. “É simplesmente asquerosa, aliás, fiel ao selo Folha de S.Paulo de jornalismo mequetrefe. Não conseguem esconder o ódio visceral que sentem pelo Sul.”
O advogado e analista político Marco Antônio Costa foi outro influenciador digital a criticar, via Twitter/X, o jornal paulistano. O mesmo ocorreu com os perfis Dama de Ferro e Nonô-Investidor.
Políticos reagem
A charge da Folha de S.Paulo que debocha da situação climática do Rio Grande do Sul também repercutiu no meio político. Deputado federal pelo Partido Liberal de Santa Catarina, Daniel Freitas definiu o material como “péssimo”.
“Vejam que charge canalha e de péssimo gosto que a Folha publicou”, afirmou Freitas. “O que passa na cabeça dessa gente, meu Deus do céu?”
Vereador paulistano e membro do União Brasil, Rubinho Nunes foi outro político a usar o Twitter/X para criticar a Folha. De acordo com ele, não é a primeira vez que o jornal protagoniza polêmica envolvendo o povo da Região Sul do país.
“Tempos atrás, uma colunista chegou a associar o povo catarinense ao nazismo”, afirmou Nunes, ao lembrar do caso envolvendo a escritora Giovana Madalosso, que se disse vítima de “linchamento por parte da extrema direita” e que seguiu como colaboradora da publicação. “O jornal, agora, zomba do choro de pavor das crianças e do desespero dos pais em cima de um telhado, ilhados.”
Até leitores da Folha criticam charge sobre o RS
A decisão da Folha de S.Paulo em publicar a charge que debocha da situação do Rio Grande do Sul foi alvo de críticas entre assinantes do jornal. No site, a página com a arte conta com 38 comentários até o início da tarde desta segunda-feira — a maioria absoluta dá tom negativo ao material. O espaço é reservado somente a quem assina o veículo de comunicação.
“Não é possível que se veja humor ou graça no que está acontecendo no RS”, comentou Ricardo de Biasi Amaral. “Material infeliz. Desconectado da realidade. Zero empatia. Cem por cento a favor da liberdade de expressão, mas fazer arte com essa tragédia climática é inconcebível.”
“Acho que foi infeliz esse cartum, removê-lo seria o mais sensato”, afirmou Bruno Licks. “O autor desta charge foi de uma infelicidade terrível! E a Folha, ao publicá-la, de uma falha de escrutínio atroz!”, registrou Ricardo Lorenzi Rasia dal Polo.