Depois de muito tempo, com diversos prejuízos a sociedade Cearense por parte da ENEL Ceará, o governador do estado decidiu fazer um ultimato a empresa “possa alterar seu comportamento ou ela efetivamente não permanecerá no Estado” disse Elmano em entrevista ontem (17).
Elmano acrescentou que o governo estadual vai preparar um relatório da Agência Reguladora do Estado do Ceará (Arce) para entregar a real situação do trabalho que a Enel tem feito no Estado, que, segundo ele, “deixa muito a desejar”.
“E tem um sentimento de revolta do povo do Ceará com o serviço que hoje é prestado pela Enel. A Enel já teve uma avaliação muito positiva no estado do Ceará anos atrás e foi tendo uma situação que hoje o povo cearense tem muita reclamação. Então nós esperamos do Ministério de Minas e Energia”, frisou.
O governador acrescentou que o MME, “em alguns dias”, tomará medidas quanto ao sistema de distribuição de energia no País inteiro.
“Mas também se comprometeu de que a partir daquilo que vamos apresentar tem a postura semelhante à que ele fez com a Enel em São Paulo. Nós esperamos que a Enel possa alterar seu comportamento ou ela efetivamente não permanecerá no estado do Ceará.”
A Enel Distribuição Ceará frisa que está sempre aberta ao diálogo para os esclarecimentos necessários. Acrescenta ainda que mantém seu compromisso com a sociedade em todas as áreas em que atua.
“É importante ressaltar que a empresa segue trabalhando na melhoria da qualidade do fornecimento e na modernização do sistema elétrico do Estado. A empresa investiu, nos últimos seis anos, R$ 6,7 bilhões, principalmente em expansão da rede, conexão de novos clientes, novas tecnologias, adequação da infraestrutura e construção de novas subestações. Só em 2023 foi investido R$ 1,6 bilhão, o maior investimento da série histórica da distribuidora”, reitera em comunicado.
Cita ainda a mudança de gestão, como anunciado pela companhia na semana passada, o que, segundo a Enel, reforça ainda mais o compromisso com o Ceará. “O plano estratégico prevê investimentos substanciais para os próximos anos e tem o objetivo de melhorar a resiliência do sistema elétrico perante às agressividades climáticas”, concluiu o informe.
Vale lembar que a companhia tem concessão federal até 2028 no Estado. A distribuidora de energia foi formada em 2016, com a mudança de nome da Companhia de Eletricidade do Ceará (Coelce) — privatizada em 1998 — para o da empresa italiana que adquiriu o contrato.
Mas, diante das constantes quedas de energia, no dia 16 de abril, Elmano fez a entrega junto a parlamentares cearenses das esferas federal e estadual. Nas redes sociais, o governador publicou sobre a reunião, afirmando desaprovar a atuação da empresa no Ceará.
“Não podemos nos calar diante do péssimo serviço ofertado para a nossa população”. Em vídeo, o gestor aprofundou a crítica.
Segundo ele, a solicitação ao ministro foi de que o Governo Federal aplique “medidas mais enérgicas” à empresa.
Elmano deu como exemplo as sanções à Enel adotadas no estado de São Paulo.
Nas últimas duas semanas, a empresa foi multada em R$ 12,9 milhões pelo Procon paulista e teve um recurso negado pela Aneel contra outra multa, de R$ 165,8 milhões.
Ambas as penalidades são ligadas a diversos apagões, como dois que ocorreram em novembro de 2023, um em janeiro e outro em março deste ano, que chegaram a durar vários dias.
A concessionária também foi condenada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) para que reduzisse as quedas de energia e melhorasse o atendimento prestado nas agências e por canais como telefone e WhatsApp.
O presidente da comissão na Alece, Fernando Santana (PT), afirmou que o cenário investigado pela CPI “já passa até de uma preocupação, é uma constatação”.