A família de Maria Salete Braga, de 68 anos, pede justiça após a idosa ter sido vítima de um desabamento de um muro de um equipamento da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Eles alegam descaso devido à falta de poda das árvores e medidas de isolamento para áreas com risco de desabamento.
A mulher era passageira da linha Conjunto Ceará/Antônio Bezerra e desembarcava em uma parada de ônibus na avenida Alanis Maria Laurindo, no bairro Conjunto Ceará, em Fortaleza, na segunda-feira, 26. Ela saiu do veículo e em seguida foi atingida pela estrutura do Centro de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH). Salete morreu no local.
A família aponta que uma árvore estava caída sobre o muro e que os moradores denunciaram o caso horas antes. Após o início da chuva, houve a queda da árvore por cima da estrutura, que estaria comprometida.
Costureira, mãe de cinco filhos e avó de oito crianças e adolescentes, dona Salete era a base da família e responsável por cuidar dos netos enquanto os pais trabalhavam. As informações são da sobrinha, Cristiane Braga.
“Se fosse escolher uma pessoa que fosse viver 100 anos e que teria dificuldade de se afastar da vida era a tia Salete. Era apaixonada pela vida. Você não a via triste de jeito nenhum, sempre cuidando de todo mundo”, descreve.
No dia do desabamento chovia e, horas antes da queda da árvore, moradores gravavam vídeos denunciando a falta de podagem naquele local e de manutenção nas estruturas. Com as chuvas do mês de fevereiro, houve registro de queda de árvores em áreas escolares e passagens de pedestres no bairro Conjunto Ceará.
Cristiane é professora e moradora do bairro. Ela aponta que a poda das árvores começou após a morte de Salete. A sobrinha ressalta a necessidade de ferramentas de segurança para impedir a passagem de pedestres em locais de risco. Sinais ou cones que identifiquem que a área não é segura para transitar, uma necessidade para que mais pedestres não se tornem vítimas.
“Ali não foi uma fatalidade. A árvore estava caída próxima ao muro e os galhos, envergados. Se já colocassem os cones para a rota do ônibus mudar, o muro até poderia ter caído, mas não existiria a passagem de pedestres. Foi uma tragédia anunciada”, destaca.
Dona Salete morava no distrito de Jurema, em Caucaia, e os netos estudavam no Conjunto Ceará. Um dos netos morava com ela e o outro “passava o dia” enquanto a mãe trabalhava. “Era uma pessoa muito ativa e vivia resolvendo as coisas, cadastramentos, livros das crianças, as coisas dos netos. Ela sempre saía muito de casa”, descreve.
Cristiane destaca que nada repara a morte da tia e cobra atenção aos bairros periféricos.
“Eu vejo que no Meireles, Papicu e Aldeota, o cuidado é maior do que com os bairros periféricos. Não precisamos apenas do olhar, mas do cuidar desses bairros. São pessoas em vulnerabilidade social e que têm o mesmo poder de voto e pagam os mesmos impostos. Uma indenização seria um grão de mostarda para o que fizeram com a nossa família”, lamenta.
Fonte: O Povo