Uma operação da Polícia Civil do Ceará (PCCE), deflagrada na manhã desta quinta-feira, 30, resultou na prisão de dez pessoas. Dois desses indivíduos também foram autuados em flagrante por porte ilegal de arma e tráfico de drogas. Os mandados foram cumpridos em Fortaleza, Caucaia e Aquiraz, na Região Metropolitana.

Dois mandados foram cumpridos dentro do sistema penitenciário, pois eram pessoas que já estavam presas. A investigação possui mais de 50 alvos e descobriu grupos de WhatsApp da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) de Caucaia. Nesses grupos, eram decididas se as pessoas deveriam ser executadas ou não.

De acordo com o titular da Delegacia de Caucaia, delegado Rômulo Melo, a investigação começou em setembro de 2022 com o caso de uma adolescente de 15 anos de idade que era mantida em cativeiro no bairro Grilo e vítima de tortura do “tribunal do crime” da facção Guardiões do Estado (GDE).

A garota estava sob o poder de criminosos. A Polícia Civil identificou o local, salvou a menina, prendeu dois adultos e apreendeu um adolescente de 16 anos, que seria o mandante e executor da ação. A garota seria morta, pois era acusada pelos faccionados de repassar informações da GDE para o Comando Vermelho após ter mudado de um bairro para outro.

“Nós tomamos conhecimento que essa adolescente estava lá. Tinham cortado os cabelos dela, ela bem lesionada. Foram apreendidos munições, drogas”, ressaltou. Também foi encontrado aparelho celular que ajudou a identificar pessoas do grupo criminoso.

Racha da galera: tráfico de drogas, execuções e “caixinhas” 

Com material subtraído do aparelho celular desse adolescente, a Polícia Civil descobriu três grupos de WhatsApp, um deles chamado “Racha da galera”, com mais de 90 participantes. Os participantes, integrantes da facção criminosa, verificavam questões como cobranças das mensalidades, as chamadas “caixinhas” das organizações criminosas, decisões sobre tráfico de drogas e em relação a rivais e ainda a execução de pessoas. São mais de 50 alvos.

Portaria da GDE: visitantes dos bairros eram fotografados 

Um desses grupos era destinado a verificar os visitantes dos bairros. Se pessoas estranhas chegassem na localidade, imediatamente, os criminosos registravam fotografias do transeunte e enviavam para o grupo de WhatsApp com o intuito de verificar de que área seria o visitante.

A partir dessas imagens era “identificado” se a pessoa era de um bairro considerado “rival” e se deveria ser morta ou não. Eles também divulgavam as fotos dos desafetos que estavam “decretados” pela facção, para alertar. No caso da pessoa aparecer eles já possuíam as imagens no grupo e a levavam para o “tribunal do crime”.

“Era a forma deles auxiliarem o tribunal do crime e investigarem as pessoas diferentes que apareciam no bairro. Batiam foto dos desafetos e colocassem no grupo. Quem chegasse eles já pegavam para fazer o tribunal do crime”, ressalta o delegado Rômulo.

As mídias obtidas por meio da apreensão do adolescente subsidiaram a investigação da Delegacia Metropolitana de Caucaia (DMC). É um vasto material para os policiais civis sobre a organização dos grupos, homicídios e os principais chefes do tráfico de drogas nos bairros, pessoas chamadas “frente” que gerenciavam, além do comércio ilegal de entorpecente, a vida das pessoas, quem deveria ser executado e decidiam as ações criminosas na região em relação a facção rival. Os alvos atuavam nos bairros como Mestre Antônio, Açude, Tabuba, Icaraí, Iparana, Grilo, Parque Leblon.

20 contas bancárias bloqueadas 

Foi pedido o sequestro de bens e bloqueio de mais de 20 contas bancárias desses alvos. Eram indivíduos com posição de destaque da facção. De acordo com o delegado geral da Polícia Civil, Márcio Gutierrez, esse é o resultado de mais uma operação de combate ao crime organizado, focado na atuação de um grupo que atua em Caucaia, na Região Metropolitana. Em Aquiraz, por exemplo, a pessoa possuía envolvimento com ações na Caucaia, mas residia em Aquiraz.

Márcio Gutierrez afirma ainda que entre as principais diretrizes da atuação na PCCE estão desestruturar a cadeia de comando com a prisão da alta hierarquia dos grupos, a asfixia financeira com bloqueio de contas e sequestro de bens e a retirada de circulação de indivíduos responsáveis por crimes graves.

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