Impactado por problemas na produção nacional e internacional, o preço da laranja tem sofrido altas e está até 30% maior em Fortaleza. Como consequência, o preço do suco da fruta também está sendo penalizado localmente devido ao baixo estoque. Em setembro, o cento da laranja pêra na Ceasa chegou a R$ 61,95, o maior valor desde janeiro de 2013. Na comparação com janeiro deste ano, quando o cento era vendido a R$ 48,75, o preço já subiu 27%.

Segundo Odálio Girão, analista de mercado da Ceasa-CE, o preço do kg da laranja subiu cerca de 20% nas últimas semanas de outubro. Nos supermercados, onde há impacto dos custos operacionais e de manuseio, os consumidores podem encontrar a fruta de 25 a 30% mais cara.

Odálio explica que a variação ocorre devido a problemas no plantio da fruta. Os pomares de algumas regiões de São Paulo e Minas Gerais, principais produtores do País, foram afetados pelo greening – bactéria transmitida por mosquito que impede o crescimento das plantas.

O mesmo problema é enfrentado por produtores na Flórida, nos Estados Unidos. Com a colheita reduzida, os EUA aumentaram a demanda pelo suco de laranja, assim como os Países Baixos, a Alemanha e a Suécia, fazendo com o que os produtores brasileiros concentrassem a produção para exportação. “No Ceará, a laranja vem principalmente de Sergipe e São Paulo. E a quantidade de fruta que tem estão colocando para os sucos, porque estão dando retorno na hora da exportação. O suco é exportado para os Estados Unidos, Canadá, México, União Europeia”, explica o analista.

“No Ceará, a laranja vem principalmente de Sergipe e São Paulo. E a quantidade de fruta que tem estão colocando para os sucos, porque estão dando retorno na hora da exportação. O suco é exportado para os Estados Unidos, Canadá, México, União Europeia”, explica o analista.

Em alternativa, os vendedores cearenses buscam comprar laranja da Bahia, do Paraná e até de Santa Catarina. No entanto, a oferta ainda não é suficiente e os custos logísticos são grandes, segundo Odálio. Além do aumento do preço,os consumidores podem se deparar com a fruta em tamanho menor e mais seca.

“O consumidor já sentiu que o fruto nao está tão bom, a variedade não está tão boa, e está reduzindo a compra. A laranja está pequena, seca, não tem aquele suco que se espera”, aponta.

BAIXO ESTOQUE DE SUCO DE LARANJA

Os problemas na produção da laranja impactam diretamente a produção do suco. O Brasil, que é o maior produtor de suco de laranja do mundo, tem o menor estoque da bebida desde 2011, início da série histórica da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).

As associadas contabilizaram 84.745 toneladas do suco armazenadas em junho de 2023, valor 40% menor que o estoque do mesmo período do ano passado.

A exportação, no entanto, se mantém em níveis semelhantes ao dos anos anteriores. Em agosto de 2023, foram 174 mil toneladas, pouco mais que as 172 mil toneladas exportadas em igual período de 2022. O suco produzido do Brasil vai principalmente para a Europa (63,97%) e Estados Unidos (28,46%).

Com a demanda intensificada, os preços nacionalmente podem ficar cada vez maiores. Na Ceasa, o litro de suco é comercializado de R$ 15,00 a R$ 25,00. Odálio Girão aponta que, como a raiz do problema está na quebra da safra da laranja, que é bienal, não há previsão de uma normalização rápida.

“É uma recuperação lenta. A partir de dezembro ou janeiro pode ser que tenha uma opção de melhoria com a nova safra”, aponta. Ele também afirma que as altas temperaturas registradas neste fim de ano já levam produtores a colheita atencipada de algumas frutas, como manga e banana.

 

 

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