Um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aponta que pelo menos dois cartéis mexicanos avaliam atuar no Brasil, atraídos pelo alto consumo de drogas e pelas rotas do tráfico. As informações foram obtidas e divulgadas pela Coluna do Paulo Cappelli, no portal Metrópoles. Os cartéis citados pela Abin são o Sinaloa e o Jalisco Nueva Generacíon (CJNG). Um chefe do CJNG, Jose Gonzalez Valencia, o ‘Chepa’, foi preso pela Polícia Federal (PF) no Ceará, em dezembro de 2017; e acabou extraditado para os Estados Unidos, em novembro de 2021, para responder por tráfico internacional de drogas, um dos carteis teria ligação com o PCC.
Conforme o relatório da Abin, os dois cartéis firmaram parceria com uma facção criminosa paulista com atuação em todo o Brasil – inclusive no Ceará. O objetivo seria exportar droga para o território brasileiro, para explorar o alto consumo e as rotas de tráfico de entorpecentes existentes no Brasil.
O negociador da facção brasileira com o cartel mexicano seria Gilberto Aparecido dos Santos, o ‘Fuminho’, segundo a publicação do site Metrópoles. ‘Fuminho’ também tem uma ligação com o Ceará: foi apontado pelo Ministério Público Estadual (MPCE) como o mandante das mortes dos chefes da facção paulista, Rogério Jeremias de Simone, o ‘Gegê do Mangue’, e Fabiano Alves de Souza, o ‘Paca’, ocorridas em fevereiro de 2015, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
CARTEL FAMOSO PELA VIOLÊNCIA
O Cartel Jalisco Nueva Generacíon nasceu de uma derivação do Cartel Sinaloa, em 2007, e se notabilizou pela extrema violência contra rivais e agentes de segurança. No tráfico de drogas, tem destaque para o envio de cocaína e drogas sintéticas em grande escala para os Estados Unidos. Mas a intensificação do combate ao narcotráfico no México tem levado os cartéis a procurarem novos territórios.
“Além de dedicar-se ao tráfico de drogas, (o CJNG) dedica-se também aos crimes de extorsão e sequestro, roubo de veículos e tráfico de armas (diversificação da economia criminal). Também se especializou em oferecer serviços de lavagem de dinheiro em paraísos fiscais para outras facções e até para grupos empresariais”, apontou a Abin, no relatório obtido pela Coluna do Paulo Cappelli.
CHEFE PRESO NO CEARÁ
Jose Gonzalez Valencia era o chefe do setor financeiro do Cartel Jalisco Nueva Generacíon, quando foi preso pela Polícia Federal, no dia 27 de dezembro de 2017. Ele se dirigia a um parque aquático em Aquiraz, com familiares, e chegou a apresentar uma identidade falsa com o nome de Jafett Arias Becerra, expedida na Bolívia.
Conforme a PF, o traficante internacional entrou no Brasil por São Paulo, no dia 21 anterior, e seguiu viagem para Fortaleza, no mesmo dia. Ele desembarcou na Capital cearense com um casal de amigos e aguardou a chegada da esposa e de seis filhos, no dia 26. Desde então, foram seis dias de luxo, praia e diversão pelo litoral cearense.
‘Chepa’, através de um ‘laranja’, alugou quatro de seis casas em um condomínio de luxo localizado em uma das mais famosas praias do Ceará, a Taíba, em São Gonçalo do Amarante. Era lá que ele pretendia passar o Réveillon e sair somente no dia 3 de janeiro de 2018. As informações obtidas pela PF eram de que, desde 2015, o Brasil virou destino frequente do mexicano junto da sua família.
Depois de três anos preso no Sistema Penitenciário Federal de Segurança Máxima do Brasil, Jose Valencia foi extraditado, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em um pedido formulado pelo Governo dos Estados Unidos da América.
Fonte: DN