A Petrobras deve retomar as obras da segunda unidade de produção da Refinaria Abreu e Lima, alvo de denúncias de corrupção na Operação Lava Jato.
Quase uma década depois de sua paralisação, o projeto voltará com um orçamento bilionário. Mas ainda há incertezas sobre o plano.
O CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a licitação referente às obras do trem 2 da Refinaria Abreu e Lima já teve início, com oferta de sete contratos.
“Aprovamos o investimento no conselho e na diretoria e estamos completamente livres para reiniciar a questão do projeto do trem 2”, afirmou Prates, na sexta-feira 4. “A licitação já está na praça.”
De acordo com o relatório de demonstrações contábeis da estatal, a avaliação de “recuperabilidade” do segundo trem da Abreu e Lima teve como resultado “perdas por desvalorização no montante de R$ 1,85 bilhão”.
As perdas ocorrem principalmente por estes motivos:
reavaliação do projeto, com revisão da infraestrutura logística (o que impacta os investimentos necessários para a implantação do segundo trem);
taxa de desconto para 7,4% ao ano (estava 7,1%, em dezembro de 2022); e
baixa do dólar.
A história da Petrobras e da Abreu e Lima
A Abreu e Lima começou sua construção em 2005. A Petrobras chegou a negociar a entrada da estatal venezuelana de petróleo PDVSA como sócia no projeto, mas não obteve êxito.
As obras da refinaria têm histórico de atrasos, revisões e incertezas. Esse conjunto de problemas esteve no centro de suspeitas de corrupção da Lava Jato, em razão de denúncias de contratos superfaturados. O orçamento subiu para mais de US$ 20 bilhões, em 2014, ante US$ 2 bilhões vistos anteriormente.
Na época, a então CEO da Petrobras, Graças Foster, ressaltou a importância de não repetir os “erros do passado”. “A Abreu e Lima nos ensinou muitíssimo”, afirmou. “Lições aprendidas devem ser escritas, lidas e jamais esquecidas.”
Em entrevista ao site Bloomberg Línea, o sócio-diretor da consultoria A&M, Filipe Bonaldo, disse que a construção de uma unidade de produção de combustíveis é complexa. “Pequenas e médias empresas não possuem envergadura financeira para esse tipo de projeto, porque não conseguem fluxo de caixa suficiente”, explicou.