O lucro da Petrobras caiu para R$ 28,8 bilhões no segundo trimestre de 2023, o que representa uma queda de 47% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o lucro foi de R$ 54,3 bilhões. Os dados constam do balanço divulgado na quinta-feira 3.

Esse é o primeiro resultado trimestral anunciado depois da mudança na política comercial da Petrobras, que abandonou o conceito de paridade de importação e implantou o modelo defendido pelo PT.

Sob o comando de Jean Paul Prates, a estatal, para fixar os preços dos combustíveis, leva em consideração a demanda no mercado interno e deixa de repassar as oscilações do valor do barril de petróleo no mercado internacional, assim como a cotação do dólar. Era uma promessa de campanha de Lula “abrasileirar” os preços dos combustíveis, como chegou a dizer o então candidato.

Com a mudança, a Petrobras vem operando com defasagem, situação agravada com a escalada das cotações do petróleo na última semana. No segundo trimestre, a receita da estatal caiu 33,4% (para R$ 113,8 bilhões). O indicador que mede a geração de caixa, o Ebitda, recuou 22% (para R$ 56,7 bilhões).

O balanço ainda demonstra que a nova política comercial fez o desempenho da companhia cair nos setores de produção e de venda. Responsável pela produção e venda de derivados, a área de refino teve lucro 8%, o menor desde o período mais crítico da pandemia da covid-19.

A receita com a venda de derivados caiu 17% no período; o lucro da área de refino caiu 87,7% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Já a área de exploração e produção, responsável pela extração e pela venda de petróleo, teve queda de 50% no lucro.

A dívida da Petrobras, porém, aumentou no trimestre. A dívida bruta saltou para US$ 58 bilhões, alta de 8,7% em comparação com o trimestre anterior. Segundo a empresa, o aumento foi provocado por contratos de arrendamentos de duas plataformas de produção no pré-sal.

Sobre a queda do lucro na área de refino, a Petrobras afirmou em nota que acompanha o balanço, que ela reflete recuo de 40% nas margens internacionais da produção de diesel, “parcialmente compensadas por maiores volumes de venda no mercado interno de gasolina, tendo em vista a maior competitividade com o etanol”.

“A Petrobras apresentou uma performance financeira e operacional consistente no segundo trimestre, mantendo sua rentabilidade de maneira sustentável e com total atenção às pessoas”, disse Prates, em nota.

Petrobras vê lucro cair desde janeiro

Esse foi o segundo balanço divulgado na gestão Jean Paul Prates. No primeiro trimestre de 2023, a empresa registrou lucro de R$ 38 bilhões e anunciou a distribuição 24,7 bilhões em dividendos, ainda sob a regra antiga.

No ano, a estatal acumula lucro de R$ 66,9 bilhões, queda de 32,3% em relação ao verificado em igual período de 2022. A receita de vendas da companhia acumulada no período caiu menos, 19,1%, para 252,9 bilhões.

O cenário difere do que ocorreu nos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), quando a empresa tentou acompanhar mais de perto as cotações internacionais. Nesse período, e sem os desvios do Petrolão, a estatal registrou lucros recordes e também distribuiu dividendos recordes. Até mesmo o ex-presidente Bolsonaro criticou a forma de distribuição de dividendo, o que levou a uma revisão na política de remuneração aos acionistas.

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