O Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec) denunciou o cenário de violência em oito postos de saúde em Fortaleza, devido a falta de policiamento e a atuação das facções criminosas, vem aumentando a insegurança nas áreas próximas às Unidades de Atendimento em Atenção Primária (UAPS).

Por meio de um levantamento de fiscalização realizado pela entidade e que consta na denúncia, os principais problemas de insegurança foram observados nos postos de saúde César Cals, no bairro Pici; Edmilson Pinheiro, no bairro Granja Lisboa; João Hipólito, no bairro Dias Macedo; Monteiro de Moraes, no bairro Água Fria; Edmar Fujita, no bairro Dias Macedo; e George Benevides, no bairro Quintino Cunha.

Na denúncia do Cremec, o caso mais preocupante foi registrado no posto Luis Franklin Pereira, que é referência na vacinação de rotina e Covid-19 nos fins de semana em Fortaleza.

Conforme a entidade, foram registrados quatro assaltos a mão armada em um período de quatro meses, entre dezembro passado e abril deste ano. Os casos foram confirmados por pacientes que estavam na unidade. Os funcionários do local, no entanto, não quiseram falar sobre a situação.

Além do medo, a violência na unidade resultou na perda de bens materiais, como aparelhos celulares de pacientes e de trabalhadores do entorno do posto. A vendedora Eveline de Sousa Marino, 53, que sempre recorre a atendimentos no local, foi uma das vítimas. Em março deste ano, ela teve o celular roubado por dois suspeitos.

“Chegaram pela manhã pedindo logo meu celular. Conseguiram roubar o meu, do meu esposo e de mais duas pessoas que estavam aqui”, conta.

Os demais casos de assalto, segundo a vendedora, aconteceram dentro do posto de saúde no período da tarde. “Da última vez, foram quatro pessoas. Duas entraram e as outras esperaram do lado de fora. Sempre vem acompanhado de moto ou carro. Eles experimentaram a primeira vez e viram que foi fácil e, devido à insegurança, voltam, apesar do posto ser muito movimentado”, descreve.

Diante das ocorrências, Eveline disse a Guarda Municipal chegou a ficar de forma permanente no local, no entanto, há dois meses, essa equipe fixa foi retirada da unidade, o que, segundo ela, voltou a aumentar a sensação de insegurança.

No posto de saúde Terezinha Parente, no bairro Lagoa Redonda, o cenário de insegurança da população e dos profissionais da unidade acontece, de acordo com relatos da população, pela disputa da territorialidade onde o posto está localizado. A unidade fica no entorno dos Conjuntos São Miguel e Curió, regiões dominadas por organizações criminosas rivais.

Conforme uma profissional de saúde da unidade, que preferiu ficar em anonimato, a falta de segurança é observada, principalmente, no entorno do posto.

“A gente fica receoso de estar trabalhando no território por conta disso. Algumas equipes de saúde realizam visitas domiciliares nas regiões e outras não. Onde a gente vê que está em um momento de perigo maior, a gente não vai. Os agentes de saúde sempre sinalizam”, explica.

Fonte: O Povo

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