O mês com o Brasil à frente da presidência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) chega ao fim nesta terça-feira, 31. A despedida ocorre diante de vexame aos olhos do mundo. A diplomacia do país passou as últimas semanas sem conseguir aprovar resolução sobre a guerra entre Israel e terroristas do Hamas.
O Brasil assumiu o comando rotativo do conselho da ONU em 1º de outubro. Seis dias depois, extremistas islâmicos assassinaram centenas de pessoas em solo israelense, o que deflagrou o conflito no Oriente Médio. Diante disso, autoridades brasileiras se viram diante da responsabilidade de mediar, perante o colegiado, tratativas em relação à guerra.
No entanto, a diplomacia brasileira, liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, não teve sucesso. Na presidência rotativa do órgão no decorrer deste mês, o país não conseguiu liderar avanços em relação ao conflito.
Chanceler critica o órgão das Nações Unidas
Num primeiro momento, a postura do Brasil foi alvo de críticas por parte dos Estados Unidos (EUA). Autoridades norte-americanas rejeitaram a proposta da diplomacia brasileira apresentada em 18 de outubro. Os representantes dos EUA na ONU alertaram que o texto validado por Vieira não visava o direito de Israel se defender de ataques terroristas.
Sem conseguir aprovar nenhuma resolução, o Brasil se despede da presidência do Conselho de Segurança da ONU sem mudar de postura em relação ao Hamas. O país segue sem reconhecer como terrorista o grupo extremista que atacou civis israelenses.
Em sessão realizada nesta segunda-feira, 30, Vieira afirmou que a ONU estava “falhando vergonhosamente” diante do que classificou como “catástrofe humanitária”. Além de se basear em números divulgados pelo Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que está sob controle do Hamas, ele teceu críticas ao próprio colegiado.
“Desde a última vez que eu falei a este conselho, na semana passada, a contagem de mortes de crianças aumentou em mil”, disse o chanceler brasileiro, na sessão da ONU desta segunda-feira. “Enquanto isso, o conselho de segurança realiza reuniões e ouve discursos, sem ser capaz de tomar uma decisão fundamental: acabar com o sofrimento humano.”
O Brasil e a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU
A presidência do Conselho de Segurança da ONU é rotativa, com cada país-membro ficando no posto durante um mês. Em novembro, a função caberá à diplomacia da China. O Equador ficará à frente do órgão no decorrer de dezembro.
O Conselho de Segurança da ONU tem cinco membros permanentes: Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido. No momento, além do Brasil, nove países integram a lista de integrantes rotativos do órgão: Albânia, Equador, Emirados Árabes Unidos, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça.
Apesar do vexame de não conseguir aprovar uma resolução a respeito da guerra entre Hamas e Israel, o Brasil pleiteia entrar para a lista de membros fixos do Conselho de Segurança da ONU.