O Senado Federal publicou um livro, com verba pública, no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é chamado de “fascista” e “o pior presidente do Brasil de todos os tempos”. A obra é intitulada 100 Vozes pela Democracia. Os custos para os cofres públicos foi de R$ 39,5 mil em mil exemplares. Três exemplares físicos estão disponíveis na biblioteca pública, sendo possível também acessar a obra online pelo site da biblioteca do Senado.

O livro é uma reunião de artigos de opinião de várias figuras políticas, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Flávio Dino. Seis ministros governo Lula e alguns parlamentares também tiveram seus textos publicados.

Gleisi Hoffmann, por exemplo, acusa o governo Bolsonaro de “flerte com o fascismo” e de promover uma “agenda antipovo, neoliberal, entreguista e destruidora de vidas e direitos”.

Já a declaração de que Bolsonaro é “o pior presidente do Brasil de todos os tempos” está no artigo assinado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA)).

A organização dos artigos foi feita em 2022, por Fernando Guimarães Rodrigues, líder da entidade Direitos Já! Fórum pela Democracia, que foi criada em 2019, reunindo críticos e opositores de Jair Bolsonaro.

– A ascensão da extrema-direita não se deu por culpa de A, B ou C. Se fosse uma falha pontual de um setor, teria uma simples alternância de poder: ou a esquerda ganharia, ou o centro, ou a direita. Quando se sai do espectro democrático, é porque, em alguma medida, todos erraram. Precisamos ter a capacidade de assumir essa autocrítica para que isso não se repita no nosso país – disse Fernando na noite de lançamento, em outubro de 2023.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo no Congresso e presidente do Conselho Editorial do Senado, esteve no lançamento e fez questão de exaltar a obra, dizendo que “todos os espectros só têm espaço na democracia”.

– O desafio que temos que cumprir está acima das diferenças políticas. Na política há espaço para quem é liberal, social-democrata, de esquerda. Todos esses espectros só têm espaço na democracia. Não há espaço na democracia é para o fascismo e o autoritarismo. Diante da ameaça, aos democratas só cabe o chamamento à unidade.

O texto de Lula também não deixou de citar o ex-presidente. Ele escreveu que nunca esquecerá a “irresponsabilidade criminosa de Bolsonaro”. Marina Silva, por sua vez, escreveu que o “capitão indisciplinado do Exército e sua nova tropa realizam seu plano de destruir a República”.

Ao site Metrópoles, o Senado afirmou que o livro segue as regras do Conselho Editorial e foi produzido por “personagens de diversos segmentos da sociedade civil, todos responsáveis pelos textos publicados”.

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