A disputa por vagas em leitos de hospitais públicos atinge um novo limite quando pacientes e seus acompanhantes, exaustos da espera por um lugar adequado para ficar, acabam por deitar-se no chão. Segundo denúncia feita ao Diário do Nordeste, essa é a situação do Hospital Dr. Calos Alberto Studart Gomes, conhecido como Hospital de Messejana. Na unidade, especializada em diagnosticar e tratar doenças cardíacas e pulmonares, há, inclusive, idosos dormindo nessas condições, conforme denúncia à reportagem. Muito por falta de leitos ou poltronas, mas, também, devido à espera de dias por uma transferência para outros hospitais da rede estadual.
“Tem muito paciente deitado no chão porque as cadeiras são bem duras. São idosos. Ficam sentados aguardando que sejam transferidos [para outro hospital] ou consigam um leito. […] No sábado, tinha um paciente que já estava lá [na mesma situação] há três dias, também aguardando transferência”, relatou a filha de um desses enfermos, que terá sua identidade preservada. O pai dela, de 62 anos, deu entrada na unidade no último sábado (26) para tratar uma obstrução de veias coronárias.
Além de não ter um lugar adequado para ser tratado, o pai da denunciante também não tem sido medicado devidamente, de acordo com ela. “Ele está naquelas cadeiras da recepção porque não tem leito. Ele toma insulina e está sem tomar. Até então, não tinham dado [o remédio]. Passam dizendo que vão medicar, mas não vão”, cobrou a filha.
Imagens obtidas pela reportagem mostram pacientes dormindo no chão, cobertos por lençóis brancos, enquanto outros utilizam cadeiras de plástico com acolchoamentos improvisados com mantas para descansar os pés.
O Diário do Nordeste procurou a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) para saber quantos leitos do Hospital de Messejana estão ocupados e qual a demanda, atualmente, da unidade. Também foi questionado diretamente se o local enfrenta uma superlotação.
Em resposta, o hospital ignorou a solicitação sobre os dados e não mencionou nada sobre estar no limite da capacidade de atendimento, mas informou que “faz, diuturnamente, o monitoramento de altas para agilizar as internações na instituição” e que “realiza a transferência de pacientes com menor complexidade para hospitais secundários parceiros”. Além disso, destacou que, mensalmente, a unidade atende quatro mil pacientes na emergência e interna mais de mil pessoas.
“Os profissionais do Hospital de Messejana prestam assistência a todos os pacientes que dão entrada na Emergência da unidade. O espaço dispõe de cadeiras e poltronas para a pessoa que está recebendo atendimento clínico e seu acompanhante. A instituição ressalta que nenhuma pessoa é orientada a deitar-se no chão do local”, resumiu a pasta.
O Sindicato dos Médicos do Ceará tem acompanhado a situação no Hospital de Messejana. “Lá, realmente, está superlotado. Tem pacientes que estão gravíssimos, em estágios avançados, sentados em cadeira porque não tem maca para eles”, declarou o presidente da entidade, Edmar Fernandes.
Fonte: DN