A empresa cearense do ramo de massas e biscoitos M. Dias Branco reportou no início da noite desta sexta-feira (21) ao mercado financeiro um lucro líquido de R$ 646 milhões em 2024. Esse número é 27% menor do que o de 2023, quando a companhia bateu recorde no segmento, registrando R$ 889 milhões de lucro líquido.

Foi o pior resultado da M Dias Branco desde 2022, ainda ano de pandemia. Na ocasião, a empresa teve o menor lucro líquido da série histórica dos últimos dez anos (2015–2024), fechando o ano com saldo positivo de R$ 481,8 milhões.

O resultado de 2024 vem seguindo de acordo com o que já esperado no último balanço divulgado pela M Dias Branco, em novembro do ano passado, referente ao terceiro semestre. Na ocasião, a companhia viu o lucro líquido encolher quase 52%, ficando próximo dos R$ 125 milhões.

No jargão do mercado financeiro, lucro líquido é tudo aquilo que sobra do resultado financeiro de uma empresa após retiradas as fatias correspondentes a custos, despesas e impostos. No caso da M. Dias Branco, a empresa continua com bons números, embora menores do que no ano anterior, e duas razões principais explicam o cenário.

Em entrevista nesta sexta-feira, Fábio Cefaly, Diretor de Novos Negócios e Relações com Investidores da companhia, disse que dois eventos, um no primeiro e outro no terceiro trimestre, foram responsáveis pelo encolhimento do lucro líquido, dentre outros indicadores.

Os volumes caíram porque tiveram dois eventos no ano — o primeiro foi a implantação do SAP e o segundo foi o aumento de preço no terceiro trimestre que os concorrentes não acompanharam — que comprometeram os nossos volumes.
Fábio Cefaly Diretor de Novos Negócios e Relações com Investidores da M. Dias Branco

O SAP é a sigla em inglês que, na tradução literal, significa Sistemas, Aplicações e Produtos. Isso significa que a M. Dias Branco mudou seu processo de sistemas, e o evento já era programado para acontecer no início de 2024.

“Quando a gente implanta um SAP em uma empresa ou muda para um SAP, a gente tem que parar as operações, não consegue faturar. É tudo programado, mas acontece. Faturei para o varejo no quarto trimestre de 2023 para abastecer os meus clientes para conseguir fazer a virada de sistema em janeiro, mas meu janeiro foi fraco, e isso comprometeu um pouco o resultado do ano”, explicou Fábio Cefaly.

Outro ponto de atenção teve impacto direto no terceiro trimestre. Entre julho e setembro do ano passado, a alta no preço do trigo foi repassada aos consumidores pela M. Dias Branco, mas os principais concorrentes da companhia cearense não acompanharam a tendência, o que também trouxe impactos para a empresa, recuperados de certa forma pela performance do grupo no quarto trimestre.

“Aqui colocamos preço quando o trigo subiu, mas o mercado não acompanhou, e aí tivemos uma retração de volumes importantes. A gente não precisou diminuir os preços depois porque os concorrentes acompanharam, isso até favoreceu a nossa recuperação de volumes do terceiro para o quarto trimestre”, expôs.

Fonte: DN

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