As maiores empresas da Argentina iniciaram um processo de revalorização impressionante após a eleição de Javier Milei, em novembro do ano passado. É o que afirma uma reportagem publicada neste final de semana pelo jornal La Nación e baseada em dados do índice Merval, o principal indicador da Bolsa de Valores de Buenos Aires. Composto pelas 21 companhias do país com maior volume de operações no mercado de ações, o Merval registrou um aumento de US$ 61,3 bilhões de sua capitalização total nos últimos 12 meses – o equivalente a quase 130%.

Esse crescimento não reflete apenas a chegada ao poder de um político libertário, que repudia o controle estatal e incentiva o livre mercado acima de tudo. A matéria do La Nación lembra que o governo de Milei promoveu bem mais do que uma mudança de mentalidade: reduziu a inflação, saneou parte expressiva das finanças públicas e deu maior liberdade para os empreendedores.

O resultado dessa reforma é uma onda de otimismo que vem impulsionado as empresas e trazendo investidores internacionais, atraídos por um ambiente de negócios favorável e inédito na Argentina.

Os setores bancário e energético foram os que mais se beneficiaram das políticas do novo governo. A queda do risco-país de 1,9 mil pontos para 769 permitiu que bancos como Galicia, Macro e BBVA crescessem cerca de 300% desde dezembro de 2023.

Já a capitalização das companhias de energia, estimuladas por ajustes tarifários, aumentou 195%, de US$ 4,3 bilhões para US$ 12,8 bilhões – com destaque para a gigante petrolífera YPF, exploradora de grandes reservas de gás e petróleo.

Mesmo empresas de serviços públicos, como a transportadora de gás natural Gas del Sur e a distribuidora elétrica Edenor, registraram um crescimento significativo, apenas se aproveitando desse contexto de maior previsibilidade econômica.

Próximo passo da recuperação é aumentar o acesso ao crédito

Ouvido pela reportagem do La Nácion, o analista de investimentos Tobías Sanches, afirma que o próximo passo desse ciclo positivo é permitir um acesso maior ao crédito, motivado justamente pela recuperação das grandes empresas locais.

“Esse aumento tem o potencial de impactar positivamente toda a economia real, impulsionando o mercado de trabalho e criando mais oportunidades para investidores e empreendedores”, diz Sanches.

Mas a Argentina ainda tem séries dificuldades de ordem macroeconômica, especialmente no que se refere ao câmbio e às reservas negativas.

José Ignacio Thome, outro analista financeiro entrevistado pela La Nación, acredita que volatibilidade natural do mercado é o principal obstáculo do governo de Milei daqui para frente. “É um fator que deve ser levado em consideração, pois os próximos meses trarão desafios relacionados à inflação e ao manejo da dívida externa”, afirma.

Fonte: Gazeta do Povo
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