Nesta quarta-feira (28), Pavel Durov, bilionário russo e dono do Telegram, deixou o escritório antifraude nos arredores de Paris. Segundo a promotoria da cidade, ele enfrentará “interrogatório inicial e possível indiciamento” em um tribunal na capital francesa.
Durov deixou o local no que parecia ser um veículo policial, conforme relatou um produtor da CNN, de quem são as informações.
Durov, de 39 anos, foi detido no Aeroporto de Bourget, em Paris, no sábado, sob um mandado relacionado à falta de moderação do Telegram.
A prisão de Durov deu início a uma discussão sobre liberdade de expressão e causou preocupações específicas tanto na Ucrânia quanto na Rússia, onde a liberdade de expressão é extremamente popular e se tornou uma ferramenta de comunicação essencial entre militares e cidadãos durante a guerra de Moscou contra seu vizinho.
O Kremlin tentou acalmar os temores na Rússia sobre o futuro do aplicativo, com o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, tentando dissipar os apelos para que os usuários excluíssem suas mensagens confidenciais no aplicativo.
O presidente francês Emmanuel Macron disse na segunda-feira que a decisão de apresentar acusações contra Durov “não foi de forma alguma política”, uma rara intervenção de um líder francês em uma questão judicial.
O Telegram foi lançado em 2013 por Durov e seu irmão, Nikolai. O aplicativo agora tem mais de 950 milhões de usuários, de acordo com uma postagem de Durov no mês passado, tornando-o uma das plataformas de mensagens mais amplamente usadas no mundo.
As conversas no aplicativo são criptografadas, o que significa que as agências de segurança pública — e o próprio Telegram — têm pouca supervisão sobre o que os usuários postam.
Durov nasceu na União Soviética em 1984 e, aos 20 anos, tornou-se coloquialmente conhecido como o “Mark Zuckerberg da Rússia”. Ele deixou o país em 2014 e agora mora em Dubai, onde fica a sede do Telegram, além de ter cidadania francesa.
Ele tem uma fortuna estimada em US$ 9,15 bilhões, de acordo com a Bloomberg, e manteve um estilo de vida luxuoso e viajante ao longo da última década.
Mas, embora seu aplicativo tenha recebido elogios de grupos de liberdade de expressão e permitido a comunicação privada em países com regimes restritivos, os críticos dizem que ele se tornou um refúgio seguro para pessoas que coordenam atividades ilícitas — incluindo os terroristas que planejaram os ataques terroristas de Paris em novembro de 2015.